I SÉRIE — NÚMERO 27
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que mais riqueza chegue às famílias e às empresas. Mas, reconheçam, Sr.as e Srs. Deputados da oposição, que já há muito não se via tanto, no bom sentido e em tão pouco tempo! Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Desde que iniciei funções, tenho dito que a consolidação orçamental em que este Governo tanto insiste é uma consolidação que visa um crescimento sustentado e credível, isto é, um crescimento que se prolongue e não permita um retrocesso na situação do equilíbrio financeiro do Estado.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Orador: — Estamos cientes de que a aceleração do crescimento e da competitividade da economia portuguesa dependem, em larga escala, da determinação com que prosseguiremos o conjunto de reformas estruturais, projectado para o horizonte temporal desta actualização do Programa de Estabilidade e Crescimento.
Este Programa, actualizado, hoje, nas suas premissas macroeconómicas e prioridades políticas e alicerçado no PNACE, por sua vez cada vez mais reconhecido nos resultados palpáveis que tem permitido, traduz, assim, um compromisso inabalável do Governo e, sabemo-lo, de muitas portuguesas e portugueses quanto à continuidade e aprofundamento das reformas propostas, assim como quanto à confiança, afinal, de que teremos um futuro melhor para Portugal.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Inscreveram-se oito Srs. Deputados para pedir esclarecimentos. O Governo, depois, informará a Mesa de como quer responder.
Tem a palavra o Sr. Deputado José Manuel Ribeiro.
O Sr. José Manuel Ribeiro (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Ministro de Estado e das Finanças, começo por dizer que considero lamentável que um documento que deveria ser estratégico e de fundamental importância tenha sido entregue na Assembleia da República 48 horas antes do debate, quando o Governo — e é bom que se diga isto — o aprovou em Conselho de Ministros precisamente há uma semana.
Sr. Presidente, Sr. Ministro, permita-me que refira que a actualização do PEC que nos oferece é «mais do mesmo»...! «Mais do mesmo» em relação a actualizações do PEC anteriormente apresentadas por VV. Ex.as
, «mais do mesmo» no que concerne aos vossos Orçamentos do Estado.
Com este documento, o Governo, uma vez mais, perde uma dupla oportunidade, pois não define uma estratégia de desenvolvimento económico, por um lado, e volta a falhar quanto à consolidação das finanças públicas, por outro.
De facto, o Governo bem se esforça por apresentar um modelo para reduzir a despesa, mas não o explica, nem o fundamenta. A verdade, sustentada na governação de VV. Ex.as
, é que a consolidação é feita do lado da receita, ou seja, pelo aumento de impostos, pelo aumento da carga fiscal. E, Sr. Ministro, eu tinha razão quando há pouco dizia que é «mais do mesmo»: é, de facto, mais do mesmo, é a velha cartilha socialista!! A redução da despesa que nos querem tentar vender é falsa, é uma miragem!
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Orador: — Quero também realçar o facto, Sr. Ministro, de este documento de 64 páginas não falar uma única vez em competitividade fiscal, o que não deixa também de ser lamentável e demonstra bem a falta de visão do Governo no que respeita à importância da fiscalidade na economia e na competitividade económica.
Falo também do cenário macroeconómico, de onde sobressai que, até 2009, o crescimento da economia é o mesmo que o Governo previa há cerca de um ano, estimado, no final da Legislatura, isto é, em 2009, em 3%, o que, diga-se em abono da verdade, o Eng.º José Sócrates prometeu em campanha eleitoral e será certamente uma das poucas promessas que o PS, desesperadamente, ainda tenta segurar.
Mas, Sr. Ministro, esta é uma previsão irreal, sem sustentação e que só aparece por artes mágicas. Desde logo, porque é de longe muito mais optimista do que aquela que é avançada por organismos credíveis e responsáveis, que o Governo e o PS tantas vezes gostam de invocar, como a Comissão Europeia, a OCDE, o FMI e o Banco de Portugal.
E, Srs. Deputados da maioria, é fácil verificá-lo: é ler os números, é ler os documentos. Porém, o Governo faz tábua rasa de tudo isto, ignorando todas as previsões destes organismos, que ele próprio diz serem credíveis.
Mas é também uma previsão irreal, Sr. Ministro, porque o Governo mantém a meta dos 3%, em 2009, quando todas as variáveis são alteradas — isto, de facto, é fantástico! Alteram as exportações, mudam as projecções para o crescimento anual da procura externa, mudam as previsões para o crescimento das componentes da procura interna, nomeadamente o consumo privado e o investimento, mudam tudo isto, mas mantêm o crescimento económico, até 2009, exactamente na mesma! Isto é estranho e demonstra a criatividade deste Governo, que muda tudo, excepto o objectivo que pretende alcançar.