15 | I Série - Número: 062 | 22 de Março de 2007
Aplausos do PSD.
E, à falta de argumentos, o senhor esconde-se sempre atrás de adjectivos… Primeiro grande adjectivo: irresponsável. Olhe, Sr. Primeiro-Ministro, irresponsável é aquilo que o senhor tem vindo a fazer desde há dois anos; irresponsável foi o aumento brutal de impostos que o senhor levou a cabo e que penalizou fortemente a economia, as empresas, as fábricas e o emprego, e que fez com que, nas zonas raianas e de fronteira, a vida dos portugueses passasse para o lado de lá, para Espanha!! Isso é que é uma atitude absolutamente irresponsável!
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Orador: — Mais, o senhor também gosta de usar, como usou, o adjectivo oportunismo, falta de credibilidade.
O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares (Augusto Santos Silva): — Oportunismo não é um adjectivo!
O Orador: — Sr. Primeiro-Ministro, falta de credibilidade é aquilo que o senhor tem evidenciado ao longo destes dois últimos anos, e vou recordar-lhe: oportunismo e falta de credibilidade da sua parte é o senhor, antes das eleições, para sacar votos, prometer não aumentar os impostos e, mal apanhou os votos, tê-los aumentado logo a seguir! Oportunismo e falta de credibilidade da sua parte é o senhor, para sacar votos, ter dito que não ia colocar portagens nas SCUT e, logo que se apanhou com os votos, a pouco e pouco, lá foi, e vai, pondo portagens nas SCUT! Oportunismo é o senhor ter prometido criar 150 000 postos de trabalho e, agora, o que vemos é o desemprego a aumentar! Oportunismo também é o senhor estar a preparar-se para baixar os impostos na altura das eleições! Isto é que é oportunismo!! E por isso acho que o senhor devia ter um pouco mais de tento na língua!
Aplausos do PSD.
Sr. Primeiro-Ministro, ainda quanto ao défice, quero deixar duas notas. O senhor pode fazer as habilidades que quiser, mas, pelos números conhecidos, segundo a óptica de caixa, a despesa corrente primária, de um ano para o outro, subiu 2% — nomeadamente, no subsector Estado, subiu 2,4%. Não confunda a despesa corrente primária, em percentagem do PIB, com os dados conhecidos.
O Sr. Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Orador: — O senhor também gosta muito de se gabar de ter conseguido esse resultado sem truques e sem habilidades. Ó Sr. Primeiro-Ministro, com certeza que houve receitas extraordinárias, mas diferentes! O aumento de impostos não é uma medida extraordinária? Pode repetir-se?! Então, o corte brutal no investimento público é ou não uma solução extraordinária? Claro que é! Então, o congelamento de carreiras na função pública é ou não uma solução extraordinária? Sr. Primeiro-Ministro, há uma diferença entre nós — e este é que é o ponto essencial. Sabe qual é? O senhor quer reduzir o défice à custa de menos economia, de menos criação de riqueza e de menos emprego. O senhor disse que vamos pelo «bom caminho», mas, Sr. Primeiro-Ministro, temos o pior crescimento económico de toda a União Europeia, quando a Europa já está em recuperação, e temos a taxa de desemprego mais alta dos últimos 20 anos!! Isto é que são factos!
O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — Muito bem!
O Orador: — Por último, quanto à Ota, verifica-se algo de extraordinário: o facto de um Ministro faltar à verdade, publicamente, de uma forma deliberada, não tem qualquer importância…
O Sr. José Junqueiro (PS): — Mas quem é que faltou à verdade?!
O Orador: — … e é suportado pelo Primeiro-Ministro!!
O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — É cúmplice!