19 | I Série - Número: 062 | 22 de Março de 2007
O Sr. Luís Marques Mendes (PSD): — Para defesa da honra, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, Sr. Deputado, dispondo para o efeito de três minutos.
O Sr. Luís Marques Mendes (PSD): — Sr. Presidente, excepcionalmente, é a primeira vez que, neste debate, peço a palavra para defesa da honra…
Vozes do PS: — Da honra de quem? Quem é que foi ofendido?
O Orador: —… sobre a questão da Ota em que o Primeiro-Ministro disse um conjunto de «inverdades».
Primeiro: não é pelo Sr. Primeiro-Ministro repetir, várias vezes, uma mentira que ela se transforma em verdade!
Vozes do PS: — Qual é?
O Orador: — E a mentira é esta: os governos anteriores…
A Sr.ª Ana Catarina Mendonça (PS). — Nunca fizeram nada!
O Orador: — … liderados pelo PSD, nunca tiveram nos seus Programas de Governo o objectivo de construir a Ota. Isso está claro no documento que aqui tenho comigo, é só ler. Nunca mandaram construir a Ota, nunca abriram concurso para a Ota, nunca adjudicaram a Ota. Limitaram-se a dizer que continuavam os estudos, ponto final parágrafo!! Desiluda-se, por isso mesmo, Sr. Primeiro-Ministro, com aquilo que diz. Os factos são os factos! O senhor não tem isso no nosso Programa de Governo, nem em qualquer decisão do Conselho de Ministros, não tem sequer — desafio-o a isso — uma única orientação pública do primeiro-ministro de então. Ponto final parágrafo!! O PSD não mudou de opinião! Escusa de repetir uma mentira várias vezes na esperança de que ela se transforme em verdade e também escusa de excitar-se, porque não é por aumentar os decibéis que passa a ter mais razão!
O Sr. Pedro Duarte (PSD): — Exactamente!
A Sr.ª Ana Catarina Mendonça (PS): — Grande defesa da honra…!
O Orador: — Nesta matéria, de facto, o senhor não tem razão!! Sr. Primeiro-Ministro, o senhor está teimoso nesta matéria, o senhor quer resolver um problema do Governo à custa do dinheiro dos portugueses. Não venha a dizer que está tudo esclarecido, porque não está!! Primeiro, há até relatórios escondidos — pelo menos um foi, vamos lá ver se há mais.
Segundo, há uma divergência técnica insanável e devo dizer-lhe, de uma forma muito simples e serena, que construir o aeroporto é uma questão política, mas a questão da localização deve ser uma questão de consenso técnico alargado, penso que só não vê isto quem não quer ver, quem é autista!! Penso, também, que o senhor não deve ser surdo perante os técnicos, os especialistas, que dizem que devem ser estudadas melhores soluções e alternativas. Repito, o senhor não deve ser surdo perante isso, não deve ser teimoso, deve ser aberto e razoável!! Mais, Sr. Primeiro-Ministro, o que deveria, de facto, ser feito era um estudo sem limitações, nem condições, que não fosse apenas dizer: «Olhem, estudem apenas estes dois locais». Não! Com recurso a universidades ou com recurso a outras entidades, deveria ser feito um estudo, mas sem limitações para se encontrar a melhor solução! Por último, não faço qualquer conjunto de insinuações, mas digo que, verdadeiramente, aquilo que vejo é que os técnicos descontam, os especialistas descontam, a maioria dos portugueses desconta… E eu perguntei e pergunto: são os interesses dos bancos financiadores ou das empresas de construção? Seguramente que não, porque há financiamento num lado e há financiamento no outro! São outros interesses?…
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, queira concluir!
O Orador: — Isso não sei, mas há uma coisa de que eu tenho a certeza: não é o interesse nacional e o que me compete defender é o interesse nacional!!
Aplausos do PSD.