16 | I Série - Número: 062 | 22 de Março de 2007
O Orador: — Este é um comportamento gravíssimo! Mais: este Governo é useiro e vezeiro na matéria, porque, ontem, veio a público, no domínio da saúde e relativamente à extinção de serviços de atendimento permanente, que havia um relatório, cuja matéria os peritos nem sequer discutiram, que foi escondido e não foi divulgado…!
O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — Muito bem!
O Orador: — Sr. Primeiro-Ministro, não é apenas grave que o senhor pactue com dois Ministros que faltaram à verdade ou não deram a informação certa; o mais grave é que, a partir de agora, os portugueses passam a desconfiar da opinião destes Ministros, a não ser que eles passem a andar acompanhados de um detector de mentiras para se saber quando é falam ou não verdade…
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Orador: — Ainda relativamente à Ota, nem sequer vou cometer a deselegância de invocar aqui a opinião de várias pessoas do seu partido que, hoje, publicamente, também colocam objecções à Ota. O que me interessa é a sua opinião, pois é com ela que tenho de confrontar-me.
No entanto, devo dizer-lhe o seguinte: no fundo, o senhor sabe que tenho razão, sabe que a quantidade de técnicos e especialistas que se pronunciam sobre esta matéria avoluma as dúvidas e as incertezas. O senhor sabe que não somos um país rico, que não podemos esbanjar recursos. O senhor sabe que gastar neste investimento significa não gastar noutro. O senhor sabe muito bem que somos um país com uma grande tradição de «elefantes brancos».
Ainda há tempo para pensar e para decidir, mas decidir bem, sem teimosia e sem precipitação. O que o senhor está a fazer nesta questão da Ota não é um serviço ao País, é uma teimosia, é tentar satisfazer um capricho seu à custa dos portugueses, e isso não está certo!!
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr. Deputado.
O Orador: — Deixo-lhe uma última nota: oiça também o bom senso! O seu ex-ministro Campos e Cunha, há dias, dizia, publicamente, o seguinte: se este aeroporto tem sido construído no tempo em que o Dr. Sá Carneiro ou o Dr. Mário Soares eram Primeiros-Ministros, estava agora esgotado. E, como não tem capacidade de ampliação, o que iríamos fazer? O senhor não acha que esta opinião e muitas outras são de elementar bom senso? O senhor é surdo perante tudo isto? O que lhe proponho é que não façamos desta uma questão de combate partidário.
A Sr.ª Helena Terra (PS): — Olha quem fala!
O Orador: — Há tempo para estudar, mas, acima de tudo, Sr. Primeiro-Ministro, há necessidade de dar aos portugueses uma resposta eficaz, porque, neste momento, não só não há qualquer consenso técnico, como há uma divergência e, cada vez mais, uma teimosia da sua parte. Só que o problema não é seu, é do País; são os portugueses que têm de pagar e que, por isso, merecem uma solução melhor!
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Marques Mendes, começo por esclarecer que não quero mudar nada no PSD. Por mim, está tudo bem assim.
Risos do PS.
E estamos entendidos. Eu escolho os meus ministros e os militantes do PSD escolhem o seu líder.
Aplausos do PS.
Sr. Deputado, eu critiquei a sua proposta, porque é meu dever fazê-lo, para que não fiquem quaisquer dúvidas em nenhum analista internacional, em nenhum responsável da Comissão, de que Portugal está determinado a fazer aquilo que tem a fazer, que é pôr as contas públicas em ordem, em nome da credibilidade da sua economia, em nome da credibilidade dos seus compromissos internacionais e em nome de um