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18 | I Série - Número: 071 | 13 de Abril de 2007

Sr.ª Deputada Odete Santos, agora que nos vai deixar. Na verdade, ela não vai deixar-nos, porque, com a expressão «até amanhã camaradas», ela revia-se na frase evangélica «não me tornareis a ver, mas eu estarei convosco até ao fim dos tempos».

Risos.

É um sentido profundo daquilo que ela hoje nos quis transmitir — aliás, não fazendo um testamento político mas uma intervenção sobre um tema concreto e de actualidade.
A Sr.ª Deputada Odete Santos percorreu estas décadas fazendo uma extraordinária adaptação àquilo que foi a evolução da vida política. Ela é um dos casos de maior sucesso português na adaptação política da imprensa escrita para o audiovisual.

A Sr.ª Odete Santos (PCP): — Ah!

O Sr. Presidente: — Ela é uma grande comunicadora. É uma pessoa que, conforme ainda hoje revelou numa entrevista muito pessoal, tem a sua origem política muito marcada. Ela é um caso, na vida portuguesa, de uma beirã assumida…

A Sr.ª Odete Santos (PCP): — Sou!

O Sr. Presidente: — … que cooptou a cultura política de modernidade da Grande Lisboa e que viveu esse «caldo» de combates políticos dos anos 60 até à actualidade. E foi uma grande Deputada. Foi-o na área jurídica, na área da intervenção em matéria laboral, na área da defesa dos direitos da mulher, à sua maneira — e temos de respeitá-la por isso —, sendo também um misto entre uma verdadeira radical, uma radical de esquerda, e uma verdadeira comunista. Isso ela soube unir e o seu futuro testemunhará sobre toda essa sua opção de vida.
Ela sai de Deputada, mas na sua convicção política uma Deputada é uma situação transitória, porque ela tem na sua opção noções que a levam sempre a distinguir o essencial do acessório, a contradição principal da contradição secundária, o serviço político, o empenhamento sociopolítico e as suas convicções muito profundas. E nós, que em muitas ocasiões discordámos dela, temos de respeitá-la, enobrecêla e elogiá-la, e vimos hoje aqui que as bancadas em relação às quais ela frequentemente mais se dirigia, que são as que estão na sua frente, mas também a bancada em relação às quais ela não chegou a dirigir-se, que é paradoxalmente a que está à sua direita no Hemiciclo e aquela em que era uma verdadeira especialista, a bancada do PS, o fizeram.

Risos.

E, até no PS, aqueles Deputados que ela tinha como interlocutores de estimação, e na bancada do Governo o próprio Ministro dos Assuntos Parlamentares, com quem ela mantinha um diálogo muito exigente, o fizeram também.
A Sr.ª Deputada Odete Santos foi um grande contributo para o Parlamento português. Ela não deixa a vida política, nem deixa de dar o seu contributo à vida nacional.
Nesta hora de partida, quero cumprimentá-la de forma muito especial, porque foi sempre uma Deputada que tanto ao seu líder parlamentar como a mim próprio, que comungamos dessa responsabilidade, nos colocou o problema de lhe dar a palavra e também de lhe tirar a palavra.

Risos do PS, do PCP, do BE e de Os Verdes.

Nesta hora final, ao despedir-me e ao desejar-lhe boa vida e boa defesa das suas ideias, quero deixála livre para nos responder naquilo em que ela é excelente, que é a procura de um final para as intervenções.

A Sr.ª Odete Santos (PCP): — E já sei qual vai ser!

O Sr. Presidente: — Não é o final da carreira política mas é a sua última intervenção na Assembleia da República e seguramente, agora, ela vai ser igual a si mesma.
Muito obrigado pelo contributo que deu ao Parlamento português!

Aplausos gerais.

Tem a palavra, Sr.ª Deputada Odete Santos.

A Sr.ª Odete Santos (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em primeiro lugar, gostaria de escla-