19 | I Série - Número: 071 | 13 de Abril de 2007
recer que só fiz referências pessoais a pessoas que foram Presidentes da Assembleia e a um poeta, o Manuel Alegre, porque nunca mais me esqueço do dia, durante o fascismo, em que li para o meu pai e para a minha mãe um notável prefácio de um livro que fala da sua mãe e do hábito que ela tinha, salvo erro no dia dos seus anos, de lhe oferecer umas rosas. E devo dizer que comecei a chorar enquanto estava a ler aquilo. Os tempos eram outros… De facto, vivi muitos dos meus melhores anos nos tempos do fascismo.
Não fiz mais referências pessoais, mas não se considerem excluídos pelo facto de não se terem revisto na intervenção que fiz. Com certeza estão lá. E estão quando falo da aprendizagem que aqui fiz, porque todos agradeceram o meu contributo, mas eu tenho dito sempre que, desde que para aqui entrei, trazendo apenas a tarimba de uma advogada de província, portanto, com um horizonte limitadíssimo, aprendi muitíssimo no mundo do Direito e, de facto, enriqueci-me — não monetariamente, como devem compreender… É melhor esclarecer isto, porque senão depois, lá fora, começam a dizer que saio daqui carregada de ouro…!!
Risos.
Mas enriqueci os meus conhecimentos, criei mais neurónios, mais sinapses de neurónios, portanto, criei outras possibilidades de interpretar a vida. Queria que isto ficasse muito marcado e que todos estão lá, naquela intervenção.
Propositadamente, não fiz apenas uma intervenção de despedida — aliás, nem queria fazê-la, devo dizê-lo, e tenho testemunhas disso no meu grupo parlamentar —, mas resolvi trazer aqui um problema, não como uma antecipação de um debate em que já não vou estar mas porque é um tema que sempre me interessou. Estive no congresso do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, onde temas deste género foram muito bem tratados. Foi por isso que resolvi optar por este estilo de intervenção, porque sair daqui, sair deste Parlamento, é uma coisa natural. É tão natural como entrar e sair em qualquer altura… Num outro dia, achei graça a um Sr. Deputado do Partido Socialista — peço desculpa por não saber o nome mas a minha cabeça já não dá para tanto… — porque, quando eu estava a falar de trabalho temporário, ele disse qualquer coisa, resmungou, não sei o que foi, ao que respondi: «Ah, não acha? Se tivesse trabalho temporário…» e ele começou a dizer «Mas eu tenho, pois este é um trabalho temporário».
Risos.
O Sr. Ricardo Gonçalves (PS): — Fui eu!
A Oradora: — Foi o Sr. Deputado, sim senhor.
Mas este é bom que o seja… E é trabalho temporário.
Agradeço muito as vossas palavras. Detesto chorar, devo dizer, porque acho que é um sinal de fraqueza terrível. Portanto, vou resistir, apesar do que digam para aí. Vou resistir.
Só quero esclarecer o Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares, porque não estava a ver-me: é que, quando falei nas «barricadas opostas», olhei expressamente para a direita,…
Risos.
… não olhei para o Partido Socialista! Não olhei para a bancada do PS,…
O Sr. Alberto Martins (PS): — Nem podia!
A Oradora: — … olhei, sim, para a bancada da direita.
Mas, Sr. Deputado Alberto Martins, às vezes, temos estado em barricadas opostas. E, Sr. Deputado, ainda temos umas contas a ajustar…
Risos.
… por uma provocação que me dirigiu numa das portas de entrada do Hemiciclo. Ainda vamos ajustar essas contas! Aliás, ajustamos já! Sabe como é que respondo? Acha que já chegou ao fim da História, como o outro dizia?
Risos do Deputado do PS Alberto Martins.
Não chegámos ao fim da História.
Tenho muita inveja dos Srs. Deputados que falaram e que já cá me encontraram. Sabem porque é