13 | I Série - Número: 077 | 28 de Abril de 2007
O Orador: — Esta é que é a verdade! Não há aqui, ao contrário do que o senhor disse, um qualquer mistério. Aliás, o único mistério que pode haver é o de perceber por que é que, perante estas evidências, o Governo não manda fazer estudos de outras soluções alternativas para, depois, ponderar. É tão simples quanto isto! Por que é que está «agarrado» à Ota»? Por que é que teima neste capricho? Ó Sr. Primeiro-Ministro, verdadeiramente, o que é lamentável e deplorável é este autismo e esta confusão do Governo.
Os portugueses já perceberam que, de um lado, está o Governo, insensível, arrogante, teimoso e prepotente neste domínio;…
Protestos do PS.
… do outro lado, estão os técnicos, os especialistas e a generalidade dos portugueses, que pensam que deve ser encontrada a solução mais barata e que a Ota é cara demais, que pensam que deve ser encontrada a solução mais segura e que a Ota não é a mais segura, que pensam que deve ser encontrada a melhor solução para o ordenamento do território e que a Ota não é essa solução e que querem uma solução de futuro, sabendo que a Ota é uma solução do passado! Sr. Primeiro-Ministro, faço-lhe aqui um apelo: recue, mude de ideias, mande fazer os estudos!! Não tenha medo! Não teime no seu capricho e na sua teimosia! Se fizer um recuo, digo-lhe sinceramente que pratica um acto de inteligência e de responsabilidade, a bem do interesse nacional. Não tenha receio a este respeito e perceba que esta não é uma obra particular sua nem do seu Ministro; é, sim, uma obra pública, integralmente paga com o dinheiro dos portugueses, que, por isso, têm de ser mais respeitados!!
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Marques Mendes, o que é lamentável é que o Estado tenha estudado durante 30 anos vários locais, que os tenha comparado e tenha decidido há uns anos atrás e que agora, o Sr. Deputado, em nome de um partido da oposição e apenas porque está na oposição, ponha em causa as decisões dos anteriores governos, nomeadamente do seu, que escolheu a Ota como sendo o local adequado para se construir o novo aeroporto de Lisboa.
O Sr. Agostinho Branquinho (PSD): — Isso não é resposta!
O Orador: — Mas ainda é mais lamentável que, sem qualquer base, sem qualquer estudo — porque se o tem deve apresentá-lo! —, o Sr. Deputado Marques Mendes diga aqui, no Parlamento, e nas televisões que o melhor sítio não é a Ota mas, sim, o Poceirão. Eu já o vi visitar a Ota e dizer: «Aqui não, de certeza!» Depois, vai ao Poceirão e diz: «Aqui, sim! Aqui é melhor! Está-se mesmo a ver…! Olha-se para este local e eu, fundado naquilo que certamente me dizem, afirmo que este é local melhor!»
Risos do PS.
O Sr. José Eduardo Martins (PSD): — Já ninguém lhe acha graça!
O Orador: — Que ligeireza…! Que leviandade…! Então, um político afirma perante o País que a melhor área para construir o novo aeroporto, sem qualquer estudo que o fundamente, é um outro local que não aquele que o seu próprio governo ratificou e apresentou em Bruxelas como sendo o do futuro aeroporto de Lisboa?!… Sr. Deputado, a sua posição é que não tem o mínimo de sustentação…! A sua posição é apenas a posição demagógica e oportunista de quem, não tendo outras linhas de ataque ao Governo, decide insistir no aeroporto de Lisboa!! Limito-me a constatar que, apesar de tudo, o PSD evoluiu: o PSD, que era contra o aeroporto, agora já vem dizer que é a favor do aeroporto — não quer é a Ota!!
Protestos do PSD.
Repare-se que há um ano e meio o ouvi dizer aqui que o aeroporto da Ota era muito longe. Agora, contudo, o PSD quer o aeroporto ainda mais longe do que a Ota!… Agora, a distância já não interessa para nada!
Aplausos do PS.