22 | I Série - Número: 087 | 25 de Maio de 2007
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Há três inscritos para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado Bruno Dias.
Em primeiro lugar, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Duarte.
O Sr. Pedro Duarte (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Bruno Dias, em nome do Partido Social Democrata, gostaria de cumprimentá-lo e associar-me ao conteúdo da sua intervenção, reforçando a nossa própria opinião, aliás já aqui expressa hoje pela voz do nosso líder parlamentar, Deputado Luís Marques Guedes.
De facto, o PSD considera que as declarações ontem proferidas pelo Sr. Ministro das Obras Públicas são disparatadas e insultuosas para as populações que vivem, trabalham, estudam, fazem investigação, produzem, investem na margem sul do Tejo.
No entanto, Sr. Deputado, na nossa óptica, o problema de fundo que aqui se coloca tem a ver com o facto de estas declarações serem tão-somente um sintoma, uma consequência da forma como o Governo e o Sr. Primeiro-Ministro estão a encarar este dossier do novo aeroporto de Lisboa.
Na verdade, o Governo está cada vez mais isolado, cada vez mais sozinho e, portanto, sente-se cada vez mais cercado em termos desta sua opção. Como tal, reage com arrogância e de forma já absolutamente desesperada.
Na nossa óptica, repito, a questão é muito clara. O Sr. Ministro das Obras Públicas, em primeiro lugar, deve um pedido de desculpas formal às populações da margem sul — é o mínimo que se pode exigir.
Em segundo lugar, o Sr. Primeiro-Ministro, que, tal como hoje já denunciámos aqui, gosta muito de aparecer em cerimónias propagandísticas, transmitindo ilusões e potenciais optimismos, não se pode esconder nestas ocasiões. O Sr. Primeiro-Ministro tem de vir a terreno dizer se concorda com estas declarações do Sr. Ministro das Obras Públicas e as subscreve ou, então, tem de assumir que foram um erro e que não é aquela a postura do Governo.
Nesta matéria, a questão é muito linear: não pode haver duas vozes. Não podemos ter um PrimeiroMinistro que aparece quando lhe dá jeito e desaparece do mapa quando as coisas lhe correm mal.
A verdade é que esta opção pela Ota está a conduzir o Governo a um desespero que, infelizmente, tem consequências, por um lado, disparatadas, em termos de intervenções dos ministros, mas, por outro, particularmente graves para o futuro do nosso país.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Tem a palavra o Sr. Deputado Álvaro Saraiva.
O Sr. Álvaro Saraiva (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Bruno Dias, concordamos inteiramente com a sua intervenção, que foi bem feita e que, de facto, demonstra o efeito, no distrito de Setúbal, das declarações do Sr. Ministro Mário Lino, que são uma afronta à população do distrito de Setúbal, região com forte desenvolvimento.
O Sr. Ministro, com as declarações que fez, vem, demagogicamente, tentar sustentar posições que não têm sustentação.
Sr. Deputado Bruno Dias, passo às questões que tinha para colocar-lhe e que gostava que comentasse.
Será que o Sr. Ministro não sabe que, para o distrito de Setúbal, foi elaborado o primeiro Plano Integrado de Desenvolvimento Regional (PIDR) e que foi aí que assentou a OID/Setúbal (Operação Integrada de Desenvolvimento)? Será que o Sr. Ministro Mário Lino não é do mesmo Governo que encerra as escolas, os hospitais e os centros de saúde no distrito de Setúbal? Será que o Sr. Ministro Mário Lino não conhece a Estratégia Regional: Lisboa 2020, que aponta para a «cidade de duas margens»?
Vozes de Os Verdes e do PCP: — Muito bem!
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): -Tem a palavra o Sr. Deputado José Junqueiro.
O Sr. José Junqueiro (PS): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Bruno Dias, procurarei ser muito rápido ao colocar-lhe algumas questões.
Em primeiro lugar — aliás, esta pergunta não decorre da sua intervenção —, pergunto-lhe se acha que o PSD tem alguma razão quando acusa o PS de falar a duas vozes. Não foi o próprio PSD que lançou o projecto da Ota? Não foi o PSD que lançou o projecto do TGV? E não é o PSD que nega estes dois projectos? A segunda questão é a seguinte: o Sr. Deputado é capaz de dizer qual é a opinião do PCP sobre uma