45 | I Série - Número: 110 | 7 de Setembro de 2007
Risos.
O Sr. Ministro da Administração Interna: — É melhor não ir por aí!
O Orador: — Dir-me-á o Sr. Ministro: «não é um crime contra as pessoas o que está em causa», apesar de todos termos visto na televisão um valentíssimo pontapé nas costas do agricultor, que, pelos vistos, é crime semi-público, e de a GNR também achar que identificou bem essa situação.
Mas vamos imaginar que chego à Caixa Geral de Depósitos — o gerente até é meu amigo, a culpa não é dele, mas, como estou mesmo irritado, levo um machado — e desato a partir a agência da Rua do Ouro, que é aquela com a qual trabalho. O Sr. Ministro acha adequado e proporcional que a polícia fique a olhar para mim, me identifique e diga à Caixa Geral de Depósitos: «se quiserem, ponham-lhe um processo-crime», como disse a Sr.ª Deputada?!
O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — Uma vergonha!
O Orador: — E depois vão penhorar quem? Os estrangeiros que não foram identificados?!
O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — Uma vergonha!
O Orador: — Já agora repito a pergunta o Deputado Pedro Mota Soares: os estrangeiros não foram identificados porquê? Desde quando o Sr. Ministro partilha da avaliação de que eram crimes semi-públicos? Acha normal que em flagrante delito, perante o espectáculo tristíssimo que todos vimos na televisão, ninguém tenha sido detido?
O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — Em flagrante delito!
O Orador: — Ó Sr. Ministro, demagogia é vir aqui tentar baralhar o que dissemos sobre o que ocorreu em Viana do Castelo com o que aconteceu em Silves, são, de facto, coisas diferentes.
Mas posso dizer-lhe que, em Viana do Castelo — e já lá morei, na rua perpendicular àquela em que aconteceu o assalto —, entre a Sé e a Praça da República, há muitos anos que não passava pela cabeça de ninguém que o que aconteceu esta manhã pudesse acontecer. E o que aconteceu foi também, e não é demagogia nenhuma, fruto de um «caldo» de cultura dos cidadãos que, honradamente, pagam os seus impostos e que no dia 17 de Agosto ligaram a televisão para terem a sensação de que o politicamente correcto é pagarem os seus impostos e os seus direitos serem violentados debaixo das barbas da polícia sem que nada aconteça a ninguém.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Orador: — Esta sensação de impunidade, perante um bando de…
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Meliantes!
O Orador: — … — enfim, não os vamos adjectivar! — …
O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — Vândalos!
O Orador: — … vândalos que procuravam notoriedade, esta impunidade do vandalismo é o pior resultado que poderia ter, no final do Verão, um Governo que foi de férias e só deixou o Ministro da Administração Interna de serviço.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Ministro da Administração Interna.
O Sr. Ministro da Administração Interna: — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em primeiro lugar, gostaria de dizer que as questões colocadas pelos Srs. Deputados Bernardino Soares, Luís Fazenda e Francisco Madeira Lopes dirigem-se à política de transgénicos e, por isso, recordo que, ontem, na Conferência de Líderes, o Governo disponibilizou-se para a inclusão de outro ponto na ordem de trabalhos, no âmbito do qual o Sr. Ministro da Agricultura viria discutir essa política do Governo.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Eles não quiseram!
O Orador: — Sinceramente, tenho de dizer que não é elegante falar nessa política na ausência do Sr.