18 | I Série - Número: 023 | 10 de Dezembro de 2007
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Entretanto, o prazo de concessão é mais reduzido do que de 75 anos, mas a diferença nem é substancial naquilo que é preocupante. Porque o que é preocupante é que o Governo está a conceder a esta empresa a gestão da nossa rede rodoviária durante praticamente todo o século XXI.
E qual é o grande argumento do Governo? «É assim, porque já é assim relativamente às barragens». A concessão das barragens já tem 75 anos, como se isso fosse uma coisa óptima, ou seja, nas mais diferentes matérias e nos mais diferentes sectores, o Governo está a conceder direitos, a entregar património colectivo a empresas sem saber o resultado que, efectivamente, daí vai resultar e a decidir por outros decisores que virão no futuro e que não serão os membros deste Governo.
Ora, isso é preocupante e é tanto mais preocupante quanto aquilo em que nós não acreditamos vem da boca do Sr. Ministro e tem que ver com a questão da privatização da Estradas de Portugal. O Sr. Ministro até é cuidadoso na sua linguagem quando refere que nesta legislatura não haverá privatização da Estradas de Portugal, mas não o garante para o futuro próximo e eu digo mesmo até para depois de 2009 — e, provavelmente, esse atç ç o desejo do Sr. Ministro»
O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares: — O Ministro só pode responder por este Governo.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Mas privatizar a gestão da nossa rede rodoviária nacional é profundamente preocupante, porque a sua gestão depois será feita em função dos interesses concretos e da obtenção de lucros de uma empresa e não em função daqueles que são os interesses reais do País. Daí, advirão, certamente, maiores custos — e bem agravados! — para os utentes e resultará em incapacidade de resolver um problema estrutural neste País que é o combate às assimetrias regionais.
Vozes de Os Verdes e do PCP: — Muito bem!
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações.
O Sr. Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações: — Sr. Presidente.
Os Srs. Deputados da oposição tiveram oportunidade, aqui há dois ou três dias, de discutir durante duas horas e meia o assunto da Estradas de Portugal, mas, não sei se por falta de imaginação, tiveram de voltar outra vez a esta matçria»
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Não dê o caso por encerrado, Sr. Ministro!
O Sr. Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações: — Não, não dou o caso por encerrado!
O Sr. José Junqueiro (PS): — Tem de «fazer um desenho«»!
O Sr. Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações: — A Estradas de Portugal faz 80 anos agora. Há 80 anos que a Estradas de Portugal está gerir a Rede Rodoviária Nacional; há 80 anos que o está a fazer sem contrato; há 80 anos que o está a fazer sem responsabilização. O Governo faz um contrato de concessão para 75 anos, com base num contrato de concessão, com responsabilidade, e os Srs. Deputados acham que isto é uma calamidade. Não consigo perceber!
Aplausos do PS.
Protestos do PCP.
Os Srs. Deputados não querem ouvir, eu gosto de ouvir-vos, mas os senhores não» Paciência!!
O Sr. Miguel Coelho (PS): — Custa-lhes a ouvir!