28 | I Série - Número: 024 | 12 de Dezembro de 2007
O Sr. Deputado não reconhece isso? Entende que isso não é combater a exclusão? Acha que não é dar mais oportunidades a todos? Não acha que isso é dizer aos que já estão a trabalhar, e que, porventura, cometeram o erro de sair mais cedo da escola, que vão ter uma nova oportunidade? Isso não é combater a exclusão? É a isso que eu chamo combater a exclusão, Sr. Deputado! Combateremos a exclusão se as nossas escolas tiverem melhor liderança, porque as melhores escolas são as que têm melhor liderança.
E porquê liderança? Porque liderança significa autoridade, sim, mas também prestação de contas, significa que as escolas têm consciência que devem virar-se para o meio envolvente, devem abrir-se e devem prestar as suas contas perante a sociedade em geral. É por isso que fazemos esta lei de gestão escolar, Sr. Deputado, para melhorar a escola pública.
O Sr. Deputado fala do desemprego, mas ainda não o vi reconhecer o que é essencial. Nós criámos 106 000 novos postos de trabalho — e falo em termos líquidos, isto é, falo da diferença entre os que se criaram e os que se perderam.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Há mais desempregados!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É verdade! Há mais desempregados por causa da população activa. Todavia, Sr. Deputado, estamos a criar emprego, coisa que não acontecia antes. Se o Sr. Deputado se quer referir ao tema, diga a verdade toda e não apenas a parte da verdade que lhe convém.
O Sr. Deputado abordou também o tema da segurança.
Esse tema é importantíssimo. Lamento, mas essa frase que disse foi ontem um segredo bem guardado porque não a ouvi em lado nenhum. É mesmo isso: «à polícia o que é da polícia» e «à política o que é da política».
É absolutamente lamentável ver toda a oposição — e agora, se é como afirmou, retiro o Bloco de Esquerda — dizer que a responsabilidade pelo crime é do Governo.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Nós não dissemos isso!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Dizer-se, como disse o Dr. Luís Filipe Menezes, que eu próprio devo pedir desculpa ou que o Governo é que tem a responsabilidade pelo assassinato é ultrapassar a fronteira da responsabilidade, é o populismo mais básico, é a demagogia tal como nunca a vi na política, em Portugal.
Depois, o Dr. Paulo Portas acha que o crime se resolveria com mais patrulhamento, com mais polícia na rua! Como se aquele crime não fosse típico das organizações mafiosas que, naturalmente, o que exige é mais investigação criminal e não a presença de mais polícia nas ruas!
Aplausos do PS.
É verdade, Sr. Deputado, à política o que é da política e à polícia o que é da polícia.
Também não estou de acordo consigo porque o que este tipo de crime exige dos governos é que declarem que todos os meios serão postos à disposição da polícia para lhe fazer face.
E não confundimos estes crimes com outros. É que nem tudo se resume ao crime da corrupção, Sr. Deputado! Também não estou de acordo com a sua ideologia segundo a qual o crime só é cometido pelos ricos e que, se perseguirmos os ricos, combateremos todos os crimes, porque considero-a uma visão simplista e demasiado ideológica no que se refere ao fenómeno do crime.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para colocar nova pergunta, tem a palavra o Sr. Deputado Francisco Louçã.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, registo as suas palavras de recuo a respeito da sua afirmação sobre a segurança, acho que são bem-vindas.