16 | I Série - Número: 025 | 13 de Dezembro de 2007
O Sr. José Soeiro (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares, Sr.as e Srs. Deputados: Não posso deixar de dizer que, quando fui informado do tema deste debate, proposto pelo PSD, fiquei surpreendido e até com uma certa expectativa de saber exactamente qual seria o conteúdo que o PSD pretendia dar a este debate.
Depois de ouvir o Sr. Deputado Santana Lopes, percebi. Percebi que se pretendia discutir «para a frente» e deixar apenas o diagnóstico como referência em relação ao passado. E percebe-se porquê.
Mas nós temos de ir buscar o passado — o passado dos governos do PS, o passado dos governos do PS com o PSD, o passado do governo do PSD com o CDS, o passado do governo do PS com o CDS. Enfim, tivemos aqui as fórmulas quase todas. E tivemos três quadros comunitários de apoio, Sr.as e Srs. Deputados! Mas, de eleição para eleição, pergunto: algum dos Srs. Deputados que teve oportunidade de participar nos debates políticos em vésperas de eleições ouviu algum dos partidos concorrentes às mesmas dizer que não conhecia a realidade do País, que não tinha soluções para o interior do País? O que é que temos de novo no debate de hoje? Um Governo de maioria absoluta do Partido Socialista, com a frente do interior, pela primeira vez, na primeira fila da bancada,…
O Sr. Mota Andrade (PS): — Não é a primeira vez!
O Sr. José Soeiro (PCP): — … e esperamos ouvir o nosso querido amigo e Deputado Mota Andrade afirmar aqui, com a mesma veemência com que o ouvi afirmar em Trás-os-Montes, aquando de uma visita aí efectuada pela Comissão de Economia, as reivindicações do interior e a condenação das políticas. Só que, desta vez, não! Desta vez, há aqui uma tónica mais de justificação e de tentar apontar para a frente.
Ó Sr. Deputado, nós temos um Governo há três anos! Há três anos! Se fosse um mandato normal, estava quase a entrar no último ano de mandato. E o Sr. Deputado sabe, como eu, o que dizem hoje os cidadãos do interior: «Eh pá, se houvesse eleições todos os anos, talvez eles fizessem alguma coisa pela gente!»
O Sr. Mota Andrade (PS): — Oh!
O Sr. José Soeiro (PCP): — É que, de resto, o que nós temos é aquilo que foi dito. O que temos é muita demagogia, muita promessa… E obra concreta, onde é que está?!
Vozes do PCP: — Zero!
O Sr. José Soeiro (PCP): — Quais são os indicadores?
Vozes do PCP: — Zero!
O Sr. José Soeiro (PCP): — Espero que o Sr. Ministro, que já abalou, não se tenha assustado! Espero que ele volte e nos venha dar algumas explicações!… É que, três anos depois, para um Governo e uma maioria … Quem é que não tem presente os discursos do Eng.º José Sócrates? «O interior, comigo, nunca será esquecido!» — esta era a grande frase!
O Sr. Mota Andrade (PS): — E o aeroporto de Beja?!
O Sr. José Soeiro (PCP): — Mas três anos depois, para além dos papéis, o que é que temos? Temos mais desertificação, mais gente envelhecida, mais estagnação económica… Espero que o Sr. Ministro, depois, nos venha dar os indicadores, porque, ainda recentemente, tivemos aqui um debate importantíssimo, em relação ao qual havia até uma certa expectativa de que, através do Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT), tivéssemos finalmente uma estratégia de desenvolvimento que equilibrasse o País e combatesse as assimetrias.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Nada disso!