44 | I Série - Número: 029 | 21 de Dezembro de 2007
que os senhores se colocaram que os impede de compreenderem o mundo e, justamente, de acompanharem o projecto europeu.
Aplausos do PS.
O Governo tem a consciência tranquila. Nós temos a consciência do dever cumprido; temos a consciência de que o fizemos procurando enquadrar todos aqueles que devem prestigiar a imagem do País na frente externa. O País é hoje respeitado na frente externa, porque tem uma base de consenso político-partidário que todos os agentes responsáveis neste País têm sabido preservar, ao longo de três décadas de vida democrática.
Eu, enquanto Ministro dos Negócios Estrangeiros, tudo tenho feito no sentido de garantir que a coesão de um bloco que sustenta a credibilidade da política externa do País se mantenha firme,…
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — … designadamente quando estão em causa os profundos interesses do nosso País. E é por isto que, com muita honra, chego ao final deste debate reconhecendo quem nos elogia e quem nos ataca. Nada de novo! Seria preocupante se eu visse que o elogio vinha de quem sempre nos criticou, de quem sempre orientou a sua acção pelo desgaste da política externa do Partido Socialista,…
Protestos do PCP e de Os Verdes.
… e seria absolutamente chocante para mim, ter hoje mesmo, da parte do Partido Comunista Português ou do Bloco de Esquerda, o apoio que, a meu ver, seria, no mínimo, legítimo, reconhecendo a acção que foi desenvolvida ao longo destes últimos meses.
A Sr.ª Isabel Jorge (PS): — Eles nada reconhecem, nada!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Gostava ainda de deixar uma nota final.
Temos a consciência de que os desafios com que estamos confrontados do ponto de vista nacional são enormes, e não apenas num Estado com a dimensão de Portugal. O que temos verificado, ao longo dos últimos anos, é que as grandes potências europeias reconhecem hoje que não é possível fazer face aos enormes problemas, aos complexos e difíceis problemas que temos pela frente se não formos capazes de manter bem vivo o projecto europeu. E é esse o desafio que temos pela frente.
Foi no aprofundamento, no desenvolvimento desse projecto que a Presidência portuguesa fez fica pé ao longo dos últimos meses, com ambição, com sentido de risco mas com bom senso. Essas são qualidades de liderança que soubemos transmitir ao projecto europeu.
A liderança do Primeiro-Ministro foi absolutamente incontornável. Sem a sua capacidade de liderança e de risco não tínhamos dado à Europa a imagem de que esta podia sair do beco em que estava no timing em que decidimos, não podíamos avançar em projectos que estavam bloqueados há muito tempo. Fizemo-lo precisamente porque houve ambição e risco, associado ao bom senso que tem mantido, naturalmente, toda a acção externa dos diferentes governos que têm presidido aos destinos do nosso país.
E é com esse mesmo espírito que aqui estamos para entrar numa nova fase da nossa relação com o projecto europeu, certos de que prestigiámos o País na Europa e na relação da Europa com o mundo. Nas regiões do Mediterrâneo, na América Latina, no mundo árabe islâmico, em África, nós hoje temos, no fim desta Presidência, um País mais respeitado, mais credibilizado e com uma imagem diferente da que tinham há um ano.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Temos essa convicção! Temos a convicção de que o «reboque» do projecto europeu tocou não apenas nos europeus mas em todos os povos que olham para a Europa e a vêem como um factor de estabilidade fundamental para a paz e a estabilidade no sistema internacional num dos momentos de crise mais grave que este conhece desde a II Guerra Mundial.
E são estes factores, que, aliás, alguns Deputados já aqui referiram, designadamente o Sr. Deputado do PSD, que devem ser ponderados quando se faz a avaliação das opções políticas que vamos ter de assumir no futuro mais imediato.
O mundo está a mudar muito radical e vertiginosamente. Não olhemos para o mundo com os parâmetros de análise da realidade que tínhamos depois do fim da Guerra Fria. Depois do 11 de Setembro toda a realidade internacional está numa dinâmica de enorme volatilidade e é preciso que o projecto europeu se adapte rapidamente às circunstâncias novas com que nos confrontamos.