15 | I Série - Número: 051 | 22 de Fevereiro de 2008
entrevista televisiva «amigável» que o Sr. Primeiro-Ministro teve há pouco tempo, todos os comentadores notaram que ele não falou do futuro. Das palavras que ele não pronunciou ao longo de três anos uma delas é notória. Ele nunca pronunciou a palavra ou a expressão «classes médias». «Classes médias» e «futuro» é algo que está ausente do léxico do Partido Socialista e, pelos vistos, também não preocupa a Esquerda!
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Patinha Antão (PSD): — Sr. Ministro, para nós o futuro das classes médias é o futuro do País. Não há futuro num país como Portugal se as classes médias não forem prósperas e não tiverem confiança. Ora, V.
Ex.ª, Sr. Ministro, tem-se entretido a encolher as classes médias, a reduzi-las. E sabe como é que está a fazêlo? O Sr. Deputado Francisco Louçã começou por citar: salário médio em Portugal é de 720 euros; aumento no último ano 1 euro. Acaba aqui a história? Não acaba! Vamos ver: existem 4 milhões de portugueses e estão no escalão de salários acima de 3000 euros/mês 26 000. Um trabalhador que recebe 3000 euros/mês é já um trabalhador rico? Nós achamos que não! Sr. Ministro, sabe o que é que tem feito aos reformados no escalão de 611 euros até 2400 euros? A taxa de inflação prevista, ao longo dos três anos, foi de 2,1%, mas a taxa de dedução específica verificada foi de 4 a 5 pontos percentuais acima. Porquê essa perseguição aos reformados? Porquê essa perseguição aos trabalhadores por conta de outrem? Sr. Ministro, o Sr. Primeiro-Ministro disse que era trágico uma taxa de desemprego de 7,1%. Ora, o senhor tem a taxa de desemprego em 8%! Mas falemos do futuro: qual é a taxa de desemprego que o senhor prevê para os portugueses em 2008 e em 2009? Qual é no seu léxico a palavra acima de «trágico», Sr. Ministro? Diga-nos, porque gostávamos de saber.
Sr. Ministro, diga aos portugueses que vivem com 720 euros/mês com o é que eles podem governar a sua vida,…
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua.
O Sr. Patinha Antão (PSD): — Vou concluir já, Sr. Presidente.
Como eu estava a dizer, diga aos portugueses que vivem com 720 euros/mês com o é que eles podem governar a sua vida, com o aumento dos preços que se verificou, com as brincadeiras que o senhor anda a fazer, fazendo incidir, como disse o Professor Daniel Bessa, a taxa de IVA sobre a nova taxa que é paga na electricidade, e com as brincadeiras que o senhor anda a fazer com os certificados de aforro, reduzindo a poupança das classes mais modestas.
Com estas brincadeiras todas, Sr. Ministro, diga-me por que é que o senhor anda a encolher as classes médias, se são elas que, efectivamente, são responsáveis pelos resultados da receita fiscal que o senhor tem.
O que é que o senhor oferece às classes médias? É desemprego? É ausência de futuro? O que é, Sr.
Ministro?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro de Estado e das Finanças.
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Diogo Feio, relativamente à questão que referiu das indemnizações de elevado montante pagas, permita-me que lhe diga que sou tão sensível a esta questão quanto outros observadores, incluindo o Sr. Deputado.
Conforme V. Ex.ª referiu, a discussão destas matérias pode levar-nos à maior das demagogias.
O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — Vimos há pouco!
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Por isso mesmo, permita-me, Sr. Deputado, que lhe diga que me eximirei de tecer mais considerações sobre um caso que está perfeitamente individualizado, porque, num debate político, não gostaria de comentar situações particulares de pessoas que estão identificadas.