46 | I Série - Número: 053 | 29 de Fevereiro de 2008
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Consegue esmagar os pequenos!
O Sr. Patinha Antão (PSD): — Neste sentido, deve, inclusivamente, ser avaliado positivamente.
Quando VV. Ex.as falam em lucros anormais e na banca, conviria dizer também o seguinte: neste momento, por força da crise internacional e por uma má gestão de risco, como é sabido, dos subprime e dos seus derivados, acontece que há perdas anormais em muitos bancos. Felizmente, isso não acontece nos bancos portugueses e essa é uma nota positiva que não podemos deixar de fazer.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Vão sempre buscar aos bolsos dos mais pobres!
O Sr. Patinha Antão (PSD): — E Srs. Deputados, permitam-me dizer-lhes que é preciso ter cuidado e não falar da banca com a ligeireza com que falaram,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sentiu-se ofendido!
O Sr. Patinha Antão (PSD): — … porque há um risco sistémico de credibilidade…
Vozes do PCP: — Está a curvar-se!
O Sr. Patinha Antão (PSD): — Não, não se trata de «curvar», Srs. Deputados! Trata-se, pura e simplesmente, de ver as coisas com inteligência e com rigor.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É, é!…
O Sr. Patinha Antão (PSD): — Coisa diferente, que os senhores não disseram — e nisso acompanhamosvos —, é a circunstância de, do ponto de vista da aferição das condições de concorrência interna, o exercício da actividade bancária em Portugal, a nosso ver, e salvo demonstração em contrário, não estar a ser, nem ter sido, devidamente acompanhado, designadamente pelo Banco de Portugal e pela própria Autoridade da Concorrência.
Portanto, Sr.as e Srs. Deputados, particularmente do PCP, gostaríamos de vos dizer que seria importante, oportuno e adequado que o Parlamento, em sede própria, com serenidade e objectividade, se preocupasse em avaliar as condições de concorrência hoje existentes no exercício da actividade bancária em Portugal, com o contorno que aqui acabámos de traçar.
Fazemos essa análise com rigor, mas sem demonizar e, sobretudo, sem pôr em risco a reputação e a credibilidade internacional do nosso sistema bancário.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Continuam a esmagar o pequeno!
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Honório Novo.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Patinha Antão, agradeço a sua questão.
Bem se percebe — e não me espanta rigorosamente nada — que, em matéria tão sensível como a imoralidade social de tão elevados níveis de lucro neste país, o PSD venha em socorro do PS, dando-lhe, mais uma vez, uma mãozinha naquilo que é um bloco central de interesses, dos grandes interesses financeiros deste país.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Honório Novo (PCP): — Não me surpreende, portanto, a «mãozinha» que o Sr. Deputado Patinha Antão veio dar à «mãozinha» do Sr. Deputado Victor Baptista para defender interesses comuns.