42 | I Série - Número: 053 | 29 de Fevereiro de 2008
O Sr. Fernando Cabral (PS): — Somos um partido reformista e procuramos alterar para que os portugueses tenham uma vida melhor, incluindo os que residem no interior.
O Sr. Deputado colocou uma série de questões e referiu números em relação ao interior. Não os negamos!... Por isso é que se exige uma política de discriminação positiva para o interior, que está a ser feita.
Eu disse, na sessão de abertura das Jornadas Parlamentares do Partido Socialista, que a maior riqueza do distrito da Guarda são as pessoas, que estão na Guarda e que continuam a trabalhar na Guarda.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — E conseguiu convencê-las?!
O Sr. Fernando Cabral (PS): — Mas também são a nossa maior debilidade, porque estamos a decrescer demograficamente, e é um problema que nos aflige. Trata-se de um distrito que está envelhecido e este é um problema que nos aflige, mas, por isso é que há medidas de discriminação positiva.
Há pouco, na resposta que dei à Sr.ª Deputada Ana Manso, não falei da questão dos benefícios fiscais para as empresas que se localizam ou que se venham a localizar.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Isso é um milhão de euros para um ano inteiro!
O Sr. Fernando Cabral (PS): — Mas, Sr. Deputado, é muito importante que consigamos localizar empresas no interior para criar emprego e para conseguirmos inverter esta tendência demográfica negativa.
Isto é que é importante.
Portanto, a diferença entre o PS e o PCP é que o PS é um partido reformador que está a trabalhar para que essas realidades, que não são as melhores, se alterem, e o PCP queria que tudo ficasse na mesma.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Honório Novo.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Os resultados há dias divulgados pelos bancos portugueses deixaram o País boquiaberto: apesar da crise que afecta o mercado financeiro desde a segunda metade do ano anterior, apesar do colapso provocado pelo crédito hipotecário de alto risco que levou tantos bancos por aí fora a prejuízos ou mesmo à falência, em Portugal, os lucros — os enormes lucros — não deixam de aumentar!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Honório Novo (PCP): — Quase 3000 milhões de euros foi quanto os cinco maiores bancos portugueses lucraram em 2007! Quase 8 milhões de euros de lucro por dia é o número que enche de indignação milhões de portugueses.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Honório Novo (PCP): — Apesar da crise financeira e das alegadas ilegalidades, nem sequer o BCP deixou de obter lucros chorudos.
De facto: depois de 100 milhões de euros de custos com a OPA falhada ao BPI, apesar de 80 milhões para reformas de meia dúzia de «competentíssimos» administradores, após quase 100 milhões de provisões para fazer face a custos extraordinários e às eventuais consequências das alegadas ilegalidades, depois de quase 300 milhões de euros abatidos ao activo por causa da utilização de offshore, esperar-se-ia ao menos que o BCP pudesse ter prejuízo ou, no máximo, lucros bem menores. Nada disso. Foram quase 600 milhões de euros de lucro, apesar da «tempestade»... — «bendita tempestade», dirá a nova administração! Sr. Presidente, Srs. Deputados: É por tudo isto que temos de falar novamente no Dr. Vítor Constâncio. É porque boa parte dos lucros quase imorais da banca é obtida à custa dos depositantes, não dos grandes