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44 | I Série - Número: 068 | 5 de Abril de 2008

Esta não é a democracia com que sonhámos nem com que sonhamos, aquela pela qual Francisco Sá Carneiro, João Bosco Mota Amaral e tantos outros dirigentes do PS e de vários partidos — e não só do PS, Sr.
Ministro Santos Silva — lutaram antes e depois do 25 de Abril!

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: — Para encerrar o debate, em nome do Governo, tem a palavra o Sr. Ministro da Presidência.

O Sr. Ministro da Presidência (Pedro Silva Pereira): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Na oposição, como é sabido, a esperança é sempre a última coisa a morrer.

O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): — Já por lá passaram!

O Sr. Ministro da Presidência: — Mas a penúltima e imediatamente anterior é a noção do ridículo.
Depois desta interpelação, o que ficou claro é que o PSD — pelo menos, este PSD — não perdeu apenas a noção do seu norte, da sua identidade histórica e das suas responsabilidades como maior partido da oposição, o PSD, perdeu também, definitivamente, a mais elementar noção do ridículo.

Aplausos do PS.

Depois de meses de contradições, sem assunto certo nem propostas claras, o PSD resolveu eleger como tema prioritário da sua oposição ao Governo — vejam bem! — a democracia. O que legitimamente esperariam os cidadãos é que o PSD, depois de tanto desacerto, alinhasse as suas prioridades, finalmente, pelas prioridades do País e viesse aqui falar dos verdadeiros problemas reais e concretos dos portugueses. Mas se alguém esperava tanto deste PSD, esperou em vão.
O maior partido da oposição preferiu apresentar-se aqui (com convicção moderada, é verdade) para tentar sustentar, desajeitadamente, uma tese que é simplesmente absurda — não tem outro nome: é absurda! A tese do PSD fala-nos de um Portugal que passou da claustrofobia à agonia, como se fosse um país amordaçado, um país de jornalistas, comentadores e cidadãos condicionados e ameaçados, quando não mesmo perseguidos ou paralisados pelo medo.

O Sr. Hugo Velosa (PSD): — Olhe, acertou!

O Sr. Ministro da Presidência: — Em suma, um país sem verdadeira liberdade nem democracia.
Com esta descrição pavorosa, a negro carregado, perguntarão os portugueses: «Mas, afinal, em que país viverá este estranho PSD?» Este PSD vive, certamente, num país que os portugueses não conhecem nem reconhecem.

O Sr. Hugo Velosa (PSD): — Ah, pois não!…

O Sr. Ministro da Presidência: — E é o mesmo PSD! O PSD que todos vimos, através da comunicação social, livre e democrática, de braço dado com os partidos da esquerda conservadora no apoio a diversas manifestações de rua, todas elas livres e democráticas, é esse PSD que pretende agora convencer-nos de que não há, em Portugal, nem liberdade nem democracia.
O PSD que a comunicação social livre e democrática nos mostrou a apoiar greves, também elas sempre livres e democráticas e que tantas vezes vimos «em bicos de pés» para ficar na fotografia de variados protestos locais, igualmente livres e democráticos, é esse mesmíssimo PSD que quer agora convencer-nos de que neste país, onde toda a gente fala e se manifesta democrata e livremente, afinal, não há nem liberdade nem democracia.
Depois, espanta-se muito o PSD por não ser levado a sério! Mas, francamente, para poder ser levada a sério, uma oposição tem de esforçar-se um pouco mais, e não foi o que aqui aconteceu!