13 | I Série - Número: 081 | 9 de Maio de 2008
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Se quisesse resolver o problema, então, tinha em conta, quanto muito, bases de trabalho, propostas que surgissem. Mas não, assume a sua proposta, que, no essencial, recebe o aplauso das entidades patronais!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ora bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Mas «falhou o tiro». Nós queremos discutir a situação do País; o Sr.
Primeiro-Ministro não quer. Quando, há poucas semanas, fez um exercício de autopropaganda de celebração dos três anos do Governo, o senhor disse, designadamente, que se fechou o ciclo dos sacrifícios, das dificuldades.
O Sr. Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Diga lá como, Sr. Primeiro-Ministro! Vai aumentar e valorizar as pensões e reformas? Vai valorizar os salários? Vai desenvolver o nosso aparelho produtivo e a nossa produção nacional? Vai resolver este problema do aumento dos preços? Diga lá como! Não basta a propaganda, é preciso provar! Estamos à espera dessa resposta.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, quem «falhou o tiro» foi o Partido Comunista Português.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Ah!
O Sr. Primeiro-Ministro: — E está bom de ver, Sr. Deputado.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Explique lá!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Em 12 minutos de intervenção, o Sr. Deputado dedicou apenas 1 minuto ao Código do Trabalho,…
Vozes do PCP: — Calma, já lá vamos!
O Sr. Primeiro-Ministro: —… dizendo na moção de censura que a questão essencial é o conjunto de propostas de alteração do Código. Mas essa discussão não lhe interessava.
Protestos do PCP.
O Sr. Deputado fez uma apreciação geral, mas, quanto ao Código, gastou apenas 1 minuto.
Mas eu percebo-o muito bem! Como eu o percebo!...
Veja bem: no dia 4 de Abril, o Sr. Deputado deu uma entrevista ao semanário gratuito Sexta, em que disse: «A alteração do Código do Trabalho é uma declaração de guerra aos trabalhadores».
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Certo! É verdade!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Acontece, Sr. Deputado, que, nessa altura, ainda não havia quaisquer propostas de alteração ao Código do Trabalho.