15 | I Série - Número: 088 | 29 de Maio de 2008
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Há dois Srs. Deputados inscritos para pedirem esclarecimentos.
Tem a palavra, em primeiro lugar, o Sr. Deputado Afonso Candal.
O Sr. Afonso Candal (PS): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Fernando Rosas, antes de lhe colocar algumas questões, quero, em primeiro lugar, fazer uma correcção, dizendo-lhe que o Estado não tem uma golden share na Galp.
Fala-se muito da golden share do Estado na Galp, mas o Estado não tem uma golden share. O Estado tem ainda 8% da Galp, tem, enfim, um acordo parassocial com algumas particularidades, mas isso não é confundível com uma golden share.Portanto, há, desde logo, um erro de base na sua análise.
Mas permita-me que lhe diga que V. Ex.ª faz uma série de análises, de interpretações e de raciocínios em torno daquilo que não é, hoje, totalmente conhecido e que o Governo criou as condições para que possa ser conhecido em breve.
Ou seja, é fundamental ter o resultado da análise, das investigações e do estudo feito pela Autoridade da Concorrência para saber, nomeadamente, como é feita a formação do preço dos combustíveis por parte dos distribuidores, ou na distribuição, naquilo que os consumidores finais pagam. E digo-o, porque sem se conhecer essa fórmula é muito difícil, a não ser por opiniões ou por meros palpites de análises múltiplas e variadas, tirar ilações e, acima de tudo, ter medidas e propostas políticas concretas.
V. Ex.ª também, valha a verdade, não foi muito claro relativamente às propostas do Bloco de Esquerda para a matéria, porque o que disse é que foi um erro liberalizar. O que é que V. Ex.ª propõe? Que se passe a tabelar o preço da gasolina e do gasóleo? V Ex.ª afirmou que é demagógico, populista, porventura irresponsável, estar a propor a baixa de impostos e estimular o consumo de gasolina e de gasóleo. Então, o que é que V. Ex.ª propõe?
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Afonso Candal (PS): — E deixo também um desafio à sua análise: reconhece, ou não, que este Governo tem duas apostas estratégicas? E elas não são de hoje, são do início do mandato e, enfim, serão continuadas.
A primeira é nas energias alternativas, com a grande aposta na energia eólica e no reforço da energia hídrica. O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Isso também pagamos nós!
O Sr. Agostinho Lopes (PCP): — E dá um «jeito» aos pescadores!
O Sr. Afonso Candal (PS): — A segunda é uma aposta, sem precedentes na democracia portuguesa, na mais forte alternativa à rodovia, ao consumo e aos gastos de petróleo, que é a ferrovia.
E está, ou não, o Bloco de Esquerda de acordo com o carácter estratégico da aposta feita nas energias alternativas e na ferrovia?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, também para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado José Eduardo Martins.
O Sr. José Eduardo Martins (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Fernando Rosas, a intervenção algo esquizofrénica que fez teve pelo menos o mérito de obter esta tentativa de esclarecimento do Sr. Deputado Afonso Candal sobre o que anda a fazer a Autoridade da Concorrência.
Entendamo-nos.