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16 | I Série - Número: 088 | 29 de Maio de 2008

Em primeiro lugar, o relatório que o Governo pediu não pode ser diferente dos 32 que trimestralmente já foram feitos pela Autoridade da Concorrência. Se há matéria que a Autoridade da Concorrência analisa, e muito bem, é o mercado dos combustíveis!

O Sr. Luís Fazenda (BE): — Ora bem!

O Sr. José Eduardo Martins (PSD): — E ainda há três meses o Presidente da Autoridade da Concorrência esteve no Parlamento, numa comissão de que o Sr. Deputado faz parte, a dizer que não havia problema nenhum com o mercado dos combustíveis.
Mais: a Autoridade da Concorrência não deve agir por acção do Governo, deve agir por si. É esse o seu estatuto. Portanto, se até hoje nada disse, não percebo o que é que o Governo imagina que agora vá dizer de novo.

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Sr. José Eduardo Martins (PSD): — Nisto o Sr. Deputado Fernando Rosas tem razão: este «relatóriozinho» da Autoridade da Concorrência só pretende «empurrar pela barriga» o problema que não querem resolver! Mal seria, aliás, que fosse por iniciativa do Governo que a Autoridade da Concorrência fosse fazer o que quer que seja! Há 32 relatórios trimestrais, newsletters específicas sobre este tema, da Autoridade da Concorrência. Se o Governo quiser ir ao site, lê o último e já fica a saber.
Mas a intervenção do Bloco de Esquerda é um bocadinho esquizofrénica, porque diz que tão depressa nos queremos habituar a um mundo em que o petróleo é mais caro… E é mais caro porque há mais qualidade de vida; porque há mais pessoas com acesso à energia; porque os cidadãos de um conjunto de países que foram subjugados pelo comunismo durante muito tempo já não vivem de forma tão medieval como viviam no passado e têm direito a bens de produção e de consumo!

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Querem ver que a culpa do aumento dos preços é do comunismo!?

O Sr. José Eduardo Martins (PSD): — E isso, o jogo normal e livre da oferta e da procura no mercado concorrencial, faz com que hoje, por exemplo, na China as raparigas prefiram namorar com rapazes que têm carros! E isso significa que muitas pessoas saíram de um limiar de pobreza em que viviam e em que, felizmente, já não vivem! E isso é bom, Sr. Deputado! É bom que o petróleo não custe 9 dólares, como custava há muito tempo atrás! Mas não percebi – e nisso concordo com o Deputado Afonso Candal – qual é a proposta do Bloco de Esquerda. É a nacionalização da Galp? É que é muito bonito dizer que vão chamar os presidentes das principais companhias petrolíferas para terem uma conversa connosco, no Parlamento. Mas olhe que isso não muda a vida dos portugueses que atestam os depósitos dos carros e que, de facto, estão a pagar muito mais! O Sr. Deputado devia, na sua intervenção, desde esta Câmara, desde este sítio da política, formular uma proposta concreta que desse aos portugueses algum vislumbre de como é que a vida deles pode mudar.

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Sr. José Eduardo Martins (PSD): — Contudo, o que o senhor trouxe foram só mais umas palavras.
Teve o mérito de desmascarar esta estratégia do Governo de «empurrar pela barriga», mas rigorosamente não fez mais nada, Sr. Deputado Fernando Rosas.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Rosas.