63 | I Série - Número: 088 | 29 de Maio de 2008
E nem sequer era dirigida ao Bloco de Esquerda, foi apenas de consumo interno para o Partido Socialista,…
Protestos do PS.
… para tentar convencer o Partido Socialista de que os trabalhadores estão todos aí a apoiar o Código do Trabalho. Querem maior fantasia do que esta? É absolutamente irreal! Comentemos, então, o que tem fundamento neste debate: a intervenção do Sr. Ministro Vieira da Silva.
O Sr. Ministro disse uma frase que é absolutamente certa, a de que para debatermos com seriedade é preciso um mínimo de verdade. Eu assino em baixo, é uma frase absolutamente certa.
O Sr. Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social: — Mais do que assinar, deve praticar! O Sr. Luís Fazenda (BE): — Então, vamos lá debater! Começo por registar que o Sr. Ministro nunca desenvolveu nenhum dos pontos fundamentais da proposta que apresentou em sede de concertação social, fez apenas um arrazoado geral acerca da modernidade e de outro tipo de coisas, aliás, de fraca qualidade, se me permite — e digo-o sem acinte.
Falou de questões distantes das empresas, distantes do mundo e distantes de imensas coisas…
O Sr. Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social: — É assim mesmo!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Enfim, «água benta, cada um toma a que quer» e o Sr. Ministro levará a que entender! Deve ser por o Sr. Ministro estar muito perto das empresas que requisita, para serviços mínimos, em total desrespeito do direito à greve, quase a maioria dos trabalhadores.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exactamente!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Deve ser por estar muito perto das empresas e, também, muito perto das confederações patronais!…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Mas, enfim, cada um discutirá as distâncias em relação às realidades objectivas.
Falemos agora de coisas concretas, que o Sr. Ministro não falou.
O Partido Socialista acha que um contrato colectivo com mais de 10 anos é um atraso de vida, mas o mesmo Partido Socialista, tendo em atenção as questões programáticas do Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares, não acha que concessões para serviços públicos a várias actividades com a duração de 70 anos, 80 anos, quase um século, são um atraso de vida!
Vozes do BE: — Exactamente!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Não…!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Não! Que ideia!… Não é o mesmo mercado? Não! São dois mercados diferentes… Não é um preconceito ideológico? É! É um preconceito ideológico do Partido Socialista. De que matriz? Liberal! Falemos de outra questão concreta: o princípio do tratamento mais favorável. Foi hoje aqui dito — absolutamente verdade! — que o Sr. Ministro, no início do seu mandato, levou para as alterações «cirúrgicas» do Código do Trabalho a proposta de repor aquele que era o fundamento anterior.