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27 | I Série - Número: 089 | 30 de Maio de 2008


O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Portas. Não… Tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, não vejo razão para esse equívoco.

Risos.

O Sr. Presidente: — Foi uma assimilação com o anúncio da moção de censura e com o facto de estar a convocar uma Conferência de Líderes para o final desta sessão, para acomodarmos a inserção da moção de censura.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — O Sr. Presidente poderia tirar a conclusão de que «Assim se vê a força do PC!».

Risos e aplausos do PCP.

Voltando ao sério, Sr. Presidente e Sr. Primeiro-Ministro, a proposta que fez de facilitação do crédito, particularmente para as pescas e para a agricultura, é a de não perceber que as pessoas já estão com o «garrote no pescoço» e que aquilo que lhes oferece é mais «garrote», porque as pessoas não podem endividar-se mais, Sr. Primeiro-Ministro!

Vozes do PCP: — Exactamente!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Mas, em relação à ajuda social, fico profundamente inquieto pelo facto de o Primeiro-Ministro de um Governo da República não ter a percepção da realidade nacional, em termos de situação social que, hoje, existe no nosso país.
Em relação a essa ajuda, quero dizer-lhe o seguinte…

O Sr. Primeiro-Ministro: — Ajuda?!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sim. A essa ajuda que o senhor aqui referiu.
Sabe qual é o problema? É que o senhor tem vindo a tirar nos salários, nas reformas, nos pequenos rendimentos, para dar umas migalhas aos pobres. Os pobres continuam pobres, os menos pobres passam a sê-lo. É que o senhor não reparte a riqueza produzida.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exactamente!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — O senhor reparte a pobreza entre os pobres e aqueles que pouco têm. Esse é que é o problema!

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exactamente!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Por isso, em Portugal, hoje, se empobrece a trabalhar.
Um terço das pessoas com vínculos precários, no desemprego, com salários baixos pertence a esse rol dos pobres. Por isso, um terço dos pobres em Portugal é reformado, com pensões de miséria. Hoje, já se ouve muita voz preocupada com a pobreza. Ora, a pobreza combate-se, designadamente com a necessidade da revalorização dos salários e das pensões.

Vozes do PCP: — Muito bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Enganou-se no nível da inflação — é verdade. Afinal, o nível de inflação previsto não é de 2,1% mas de 2,6%. Vamos ver o que é que acontece. Mas os salários e as reformas