34 | I Série - Número: 105 | 11 de Julho de 2008
Protestos do PCP.
Sr. Deputado, o que, realmente, nos divide é o seguinte:…
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — É o nível dos salários, por exemplo!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … entendo que faz parte das obrigações de uma esquerda responsável pôr as contas públicas em ordem. Faz parte das obrigações de uma esquerda responsável, que considera que há uma obrigação para o Estado no domínio social e no domínio da economia, defender as contas públicas equilibradas. Uma esquerda que deixa aumentar a dívida é uma esquerda irresponsável.
Foi justamente porque pusemos as contas públicas em ordem que, agora, temos a margem financeira possível para responder às famílias portuguesas e para aliviar os seus encargos, quer com a educação, quer com a habitação.
O Sr. Deputado entende e quer convencer os portugueses de que a crise internacional é resultado da política do Governo.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Não! Ninguém disse isso!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Se não disse que é resultado da política do Governo, acha que o Governo também é conivente.
Protestos do PCP.
Os senhores reduzem essa ideia ao seguinte: o Governo é neoliberal e, portanto, está de acordo com a política internacional.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Seja sério!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Ó Sr. Deputado, isso é que não é sério do ponto de vista político! Por isso, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, o que lhe digo é que a resposta às dificuldades dá-se mantendo uma linha de rumo responsável, mantendo uma disciplina orçamental, que é vital para que o Estado possa ser visto pelos cidadãos como um Estado que estará presente quando os cidadãos precisarem. Uma linha de rumo responsável significa que devemos continuar a apostar na educação, nas reformas da educação,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Aí escolheu o pior caminho!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … que devemos continuar a apostar na qualificação dos portugueses e que devemos utilizar o Estado social para apoiar quem mais precisa. É isto que é importante! Por isso, Sr. Deputado, o que nos separa verdadeiramente é uma visão modernizadora para o País. O que separa o Partido Socialista do Partido Comunista é o seguinte: nós temos uma visão moderna, de uma esquerda que quer progredir, de uma esquerda que quer um país solidário, que quer um País com um Estado social próprio do seu tempo, bem inserido no modelo social europeu, mas quer também uma economia competitiva, quer portugueses com mais oportunidades,…
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — Sobre salários e pensões não diz nada!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … quer um país bem integrado na economia global, quer um país desenvolvido, quer um país à altura do seu tempo e não um país preso aos dogmas do passado, a uma esquerda fixista que nada tem para oferecer aos portugueses, que querem olhar para o futuro com mais confiança, com energia e com mais optimismo,…