O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

31 | I Série - Número: 105 | 11 de Julho de 2008


O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Mas quando se anunciava, finalmente, «a terra do leite e do mel», o fim do ciclo das dificuldades, parafraseando o Sr. Primeiro-Ministro, eis que surge a chamada crise internacional.
Sr. Primeiro-Ministro, sem desconhecer os seus efeitos, não considera um erro datar as nossas dificuldades, os nossos problemas, precisamente com o anúncio dessa crise internacional?

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — É que isso era negado.
O Sr. Ministro das Finanças, aqui mesmo, num debate, dizia: «Lá está o PCP com o seu discurso tremendista. Nós estamos preparados, enfim, para os efeitos dessa possível crise…».

Vozes do PCP: — É verdade! Bem lembrado!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — E, de repente, eis que se reconhece não só a crise como até, surpreendentemente — quantas vezes nos acusou de estarmos a ser exagerados, pessimistas! —,…

O Sr. João Oliveira (PCP): — Exactamente!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — … o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros diz que estamos perante a maior crise internacional desde a 2.ª Guerra Mundial!

O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Isso era lá fora!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Ora bem, perante esta questão, sobra um problema: então, o Governo não tem responsabilidades nenhumas na situação que vivemos?! Tivemos o choque fiscal, o choque tecnológico, agora temos o choque do betão, já se começa a falar no choque da energia ou da electricidade (não estou a falar dos carros, obviamente estou a falar em relação às questões energéticas). Depois disso, dessas ilusões que foram criadas, em que situação se encontra o povo português, particularmente a sua maioria, no plano do desemprego, no plano da precariedade, no plano dos salários, das reformas e das pensões, que parece que lhe queimam a boca, Sr. Primeiro-Ministro?

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exactamente!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Em relação aos salários dos trabalhadores, já era a crise anunciada, um relatório da OCDE referia que, em 2006 (repito, 2006!), os salários dos trabalhadores portugueses foram aqueles que mais perderam num quadro de 30 países!

O Sr. Honório Novo (PCP): — Muito bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Explique, Sr. Primeiro-Ministro! Num quadro em que, simultaneamente, segundo um balanço, as maiores 100 fortunas aumentaram 36%, o Governo não tem responsabilidade nenhuma nisto?! Então, essa dimensão de justiça social que o Governo proclama não tem aqui cabimento em relação àquilo de que dependem os cerca de quatro milhões de portugueses, que é dos seus salários, que é do seu único rendimento? Então, não há uma medida de valorização a propor?! É um escândalo, é inaceitável — foi como o senhor apresentou a nossa proposta — que haja necessidade de revalorização dos salários?!

Vozes do PCP: — Muito bem!