16 | I Série - Número: 001 | 18 de Setembro de 2008
descendente, a ‘putinização’ só pode agravar-se».
Mas a maior mistificação que o Eng.º Sócrates vem agora lançando é a de que tudo estava, e está, bem internamente graças às suas políticas e a de que a crise profunda sentida pelos portugueses é fruto exclusivo da situação internacional.
Cabe perguntar: O encerramento, sem critério, de urgências hospitalares e de serviços descentralizados tem a ver com a crise internacional!? Um desemprego que se agravou e persiste desde o início da Legislatura, atingindo taxas de cerca de 8%, como há mais de 30 anos não se verificava, tem a ver com a crise internacional!? A degradação da segurança, a ausência da autoridade do Estado e a falta de uma política de imigração solidária, mas rigorosa e responsável, tem a ver com a crise internacional!? A alteração unilateral das condições dos certificados de aforro, desincentivando a poupança, pondo em causa a credibilidade do Estado, prejudicando centenas de milhares de aforradores e proporcionando à banca o benefício de centenas de milhões de contos diários tem a ver com a crise internacional!?
O Sr. Hugo Velosa (PSD): — Exactamente!
O Sr. Guilherme Silva (PSD): — O facilitismo eleitoralista nos exames do secundário para criar, de forma manipulada, boas estatísticas tem a ver com a crise internacional!? A oportunidade perdida do Programa Novas Oportunidades, privilegiando a propaganda com prejuízo da qualidade tem a ver com a crise internacional!? A perseguição aos professores e o ataque aos funcionários públicos tem a ver com a crise internacional!? A insensibilidade social, patente na diminuição de pensões, o aumento da idade da reforma, a oneração e o agravamento fiscal dos pensionistas, com violação de direitos adquiridos, tem a ver com a crise internacional!? O aumento da pobreza e o agravamento das desigualdades sociais decorrente da sistemática penalização dos mais fracos tem a ver com a crise internacional!? O empobrecimento de há muito sentido por uma massacrada classe média tem a ver com a crise internacional!? Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A desorientação da maioria é patente e a consciência de que a lucidez do povo português repudiará qualquer hipótese de renovação do seu mandato, com ou sem maioria, já levou o Partido Socialista a entrar no golpe baixo de querer «obter na secretaria o que lhe é negado nas urnas».
Extinguir e reduzir consulados, dificultando e impossibilitando o exercício pessoal do direito de voto por parte dos portugueses residentes no estrangeiro, e, ao mesmo tempo, retirar-lhes o voto por correspondência não é sério e atenta contra os mais elementares princípios de cidadania.
Uma maioria que quer impedir muitos dos melhores de todos nós, que honram a Pátria com o seu trabalho e exemplo no estrangeiro, da mais importante participação cívica que é o exercício do direito de voto não merece a confiança dos portugueses.
Aplausos do PSD.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A dureza fria dos números da nossa economia e dos índices comparados dos nossos indicadores fala por si e não resiste à propaganda por mais sofisticada que seja.
Vejamos alguns desses números.
Um recente inquérito, no âmbito da União Europeia, colocou Portugal em 26.º lugar entre os países em que as famílias e as empresas têm mais dificuldades em solver os seus compromissos — só a Bulgária tem uma situação mais gravosa.
Portugal está em 27.º lugar, na União Europeia, no tocante à produtividade do trabalho.
No respeitante ao grau de satisfação dos cidadãos relativamente às condições de vida, Portugal está, na União Europeia, em 25.º lugar.
O consumo privado decresce de mês para mês.
As exportações, em que assenta o nosso crescimento, caem em flecha, confirmando o erro que sempre