30 | I Série - Número: 004 | 25 de Setembro de 2008
Uma coisa que o Sr. Deputado deveria considerar é que não são apenas os Deputados nesta Sala que já não têm paciência para essa conversa do «vanguardismo dos trabalhadores».
O Sr. Presidente: — Queira concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Essa pretensão que o Sr. Deputado tem de que «eu aqui represento os trabalhadores e os Srs. Deputados representam sabe-se lá quem…» levar-nos-ia a pensar: «Que bom! Existem poucos trabalhadores em Portugal». Porque o Sr. Deputado tem o monopólio da representação dos trabalhadores.
Esse é um truque demasiado antigo, que já foi muito desmascarado! Há 30 anos que ouvimos o Partido Comunista dizer: «Os senhores não representam os trabalhadores. Os senhores traíram os trabalhadores»!
O Sr. Presidente: — Queira concluir, Sr. Primeiro-Ministro
O Sr. Primeiro-Ministro: — Olhe, Sr. Deputado, quem trai os trabalhadores é o Partido Comunista, que não quer mudar nem evoluir.
Mas não mudar nada quando o mundo muda é a pior forma de servir os trabalhadores, porque só as mudanças significam mais emprego e melhor economia!
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, o Sr. Primeiro-Ministro não sabe falar ao mesmo nível.
Gosta de estar por cima, mas hoje está em baixo de forma!
Risos do PCP.
Repare, Sr. Primeiro-Ministro: em relação à questão concreta de como interpreta o emprego das dezenas de milhares de trabalhadores que vão para a Galiza, para Andorra ou para França a sua resposta foi «zero».
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exactamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Em relação àqueles que estão em formação temporária, a sua resposta foi «zero»! Convinha, então, explicar esse silêncio.
Quanto às questões em concreto, Sr. Primeiro-Ministro, consideramos que há, de facto, uma mudança, mas essa mudança tem sido no sentido de um retrocesso. Usa a marcha-atrás, particularmente no plano social. Pergunto: está disponível para a mudança, e não para a propaganda, como aqui afirma? Sim ou não, Sr. Primeiro-Ministro? No que diz respeito à situação dramática em que vivem hoje centenas de milhares de famílias devido à subida das taxas de juro e das margens de lucro dos bancos, propomos que, através da Caixa Geral de Depósitos, não permitindo que o lucro bancário do spread exceda os 0,5% nos empréstimos, seja induzido um factor que conduza a algum desafogamento desta situação dramática.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Não estamos a brincar, Sr. Primeiro-Ministro, nem estamos aqui a fazer demagogia ou discurso de comício. O que estamos aqui a dizer é que, se este Governo não atende à situação dramática… Não esteja a rir-se, Sr. Primeiro-Ministro!
Vozes do PCP: — Uma vergonha!