82 | I Série - Número: 016 | 6 de Novembro de 2008
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Deputado, há uma diferença entre nós que está sempre presente: nós somos de uma esquerda que é responsável, nós queremos um Estado que esteja em condições de ajudar quem precisa nos momentos mais críticos.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Nomeadamente, a banca!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É por isso que não queremos um Estado que tenha uma dívida excessiva ou um défice excessivo e foi por isso que, nos últimos três anos, pusemos as contas públicas em ordem. Mas, durante todo esse tempo, o que o Partido Comunista propôs foi que não o fizéssemos.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Não foi isso que dissemos!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Agora, a única coisa que tem para dizer neste debate é que devíamos, de novo, regressar ao desequilíbrio. Não o faremos, Sr. Deputado, porque não estamos de acordo.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Os franceses e os alemães são parvos!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Deputado, o Partido Comunista não tem uma palavra sobre o salário mínimo. Em 30 anos, nunca o salário mínimo aumentou tanto, mas o Partido Comunista cala-se, e cala-se apenas porque acha que isso é a favor do Governo — mais uma vez, só por sectarismo.
O Partido Comunista não tem uma palavra sobre o complemento solidário para idosos, uma palavra! Há 160 000 idosos a beneficiar do complemento solidário para idosos. E o que faz o Partido Comunista? É como se não existisse, isso não interessa nada! O Partido Socialista aumenta em 25% o abono de família e o Partido Comunista finge que essa não é uma medida social, finge que isso não existe, finge que isso não apoia ninguém.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — E as pensões?
O Sr. Primeiro-Ministro: — O Partido Socialista, ao fim destes três anos, pôs a segurança social pública livre de perigo,»
O Sr. João Oliveira (PCP): — Nas mãos do BPN!
O Sr. Primeiro-Ministro: — » pôs o País fora dos países que têm uma segurança social em risco. O Partido Comunista acha que não foi nada! O Partido Comunista acha que tudo o que o Partido Socialista faz no Governo, por mais óbvio que seja de apoio às pessoas, de promoção da justiça, de combate à pobreza e de combate às desigualdades, é como se não existisse.
É a isto que eu chamo, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, pura cegueira ideológica.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Deputado, aprenda de uma vez: nós não temos medo»
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — O senhor não me ensina nada!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Nem o senhor a mim, Sr. Deputado.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Então, ficamos assim!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É isso mesmo! O que eu não aceito é, mais uma vez, a arrogância da superioridade moral, Sr. Deputado — isso não!