O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

87 | I Série - Número: 016 | 6 de Novembro de 2008

Srs. Deputados, se não se importam, façam um pouco de silêncio, porque eu também vos ouvi em silêncio.
E, Sr. Deputado, o que é ligeireza é a vossa atitude em relação ao BPN, porque eu também notei que os senhores votaram contra. A nacionalização do BPN tem um duplo objectivo: defender os depositantes e os trabalhadores e defender o sistema bancário e a economia. O Sr. Deputado sabe perfeitamente que assim é, mas os Srs. Deputados votaram contra porque acham que podem convencer os portugueses de que nós, ao fazemos a nacionalização, estamos a socorrer os banqueiros. Francamente! Nem uma criança pode acreditar numa coisa dessas!

O Sr. Francisco Louçã (BE): — 10 milhões!

O Sr. Primeiro-Ministro: — O que nós fazemos é a pensar num valor muito mais importante, Sr. Deputado: o valor daquelas pessoas que confiaram no banco e foram defraudadas, daquelas pessoas que fizeram negócios com o banco e foram defraudadas. Fazemo-lo para as defender. É para que elas tenham confiança no sistema bancário que fazemos o que fazemos! E lamento muito não ter podido contar com o apoio do Bloco de Esquerda, porque apoiar neste momento a nacionalização do BPN é absolutamente fundamental em termos de emergência, porque o BPN precisa dessa intervenção.
Sr. Deputado, não confunda capital com liquidez. É muito importante perceber — e julgo que os portugueses já o fizeram — que o problema do BPN é antigo. Não se pode dizer que a situação do BPN tenha a ver com a crise financeira internacional, tem, sim, a ver com gestões anteriores. E o que eu sei — o Sr. Deputado acha que já sabia, mas eu não, Sr. Deputado. Eu sei apenas o que me é dito pelo regulador, que me comunicou, há uns meses, uns meses depois do Verão, que o banco tinha um problema sério de perdas que representavam um significativo impacto nas contas do banco»

O Sr. Presidente: — Queira concluir, Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: — » e que, depois disso, a nova administração tinha apresentado um plano para o resolver.
O Banco de Portugal esteve, durante estes meses, a trabalhar com a administração do banco para verificar se esse plano podia ser executado e o banco salvo, com a responsabilidade, naturalmente, dos accionistas e da administração.

O Sr. Presidente: — Queira concluir, Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Vou concluir, Sr. Presidente.
A conclusão a que chegaram o Banco de Portugal e o Governo, porque o que fizemos foi em consonância com o regulador, é que a única forma de defender o interesse dos depositantes e da economia era a nacionalização do banco.
O que lamento é que o Sr. Deputado, em vez de se entregar a juízos que só a justiça pode fazer, não tenha acompanhado, como devia num momento destes, um acto do Governo para defender a economia portuguesa.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, eu peço imensa desculpa, mas o Sr. Primeiro-Ministro não pode continuar a dar a entender que a crise internacional é a responsável pela situação que hoje se vive em Portugal, como se o Governo, através das políticas que tem vindo a prosseguir, não tivesse qualquer responsabilidade, por exemplo, na perda de poder de compra das famílias portuguesas, na quebra de investimento público e, consequentemente, na estagnação da dinâmica da nossa economia.