83 | I Série - Número: 016 | 6 de Novembro de 2008
O Partido Socialista orgulha-se de ter um Governo e uma orientação marcados pelos nossos valores, e os senhores não nos dão lições sobre a democracia. Principalmente, não admitimos que o Partido Comunista tenha a faculdade de estabelecer no seu interior um «notário», onde se certifica quem é e quem não é de esquerda! Os senhores tentam fazer isso há 30 anos sem o conseguir.
Protestos do PCP.
Neste momento, a questão fundamental é a do investimento público, é a de saber como enfrentar as dificuldades, e o Sr. Deputado tenta convencer os portugueses que o que está a acontecer no mundo e aqui, em Portugal, ç culpa deste Governo,»
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Tambçm tem a sua dose!»
O Sr. Primeiro-Ministro: — » não tem nada a ver com a crise financeira internacional! Quer dizer, os problemas dos bancos, a escassez de crédito, o aumento da taxa de juros, tudo isso é culpa e responsabilidade do Governo.
Sr. Deputado, lamento, mas isso não condiz com a realidade e é por isso que, cada vez mais, terão dificuldades em explicá-lo às pessoas. As pessoas estão cansadas desse discurso pessimista, negativista do Partido Comunista.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Estão cansadas é de ser enganadas!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Cada vez que o Partido Socialista faz alguma coisa que visa combater as desigualdades, o Partido Comunista finge que ela não existe e continua a atacar o Partido Socialista de ser um partido de direita.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Conversa de chaha!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Francamente, Sr. Deputado, o que acho é que o seu discurso não tem qualquer tipo de dimensão nem de actualidade. É por isso que lhe digo que também é necessário que o Partido Comunista se reactualize e reactualize a sua retórica política e o seu discurso para servir melhor os portugueses.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Francisco Louçã.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, este é o último Orçamento que apresenta antes de eleições e é, certamente, o mais difícil. E para o avaliarmos com todo o rigor que nos é exigido, devemos perguntar se este Orçamento responde aos problemas.
Reparou, Sr. Primeiro-Ministro, no seu discurso e no Orçamento há uma palavra que não existe: é a palavra recessão. A recessão está em Espanha, nos Estados Unidos, em França, na Alemanha, na Inglaterra — e Portugal já está a 0% há dois meses, diz o Banco de Portugal. E, para si, o risco e a exigência de resposta à recessão não faz parte do seu discurso. Na verdade, toma uma catadupa de medidas.
Toma uma boa medida, que é pagar dívidas, porque, claro, as dívidas têm de ser pagas.
Toma outras medidas que não estão, não vão entrar ou ficam de fora do Orçamento do Estado, como sejam: 20 000 milhões de euros para avales aos bancos — tanto dinheiro que há agora para avales aos bancos! — e, logo a seguir, mais 4000 milhões de euros para a recapitalização.