20 | I Série - Número: 028 | 19 de Dezembro de 2008
dizendo que havia compromissos da Lundin Mining, quando, afinal de contas, não há compromissos absolutamente nenhuns!
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Nuno Teixeira de Melo): — Ainda para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Pita Ameixa.
O Sr. Luís Pita Ameixa (PS): — Sr. Presidente, começo por sublinhar e acompanhar a preocupação de todos sobre a importância que tem para a economia nacional e para a economia regional o projecto mineiro de Aljustrel. Quero igualmente sublinhar que foi justamente devido às alterações das condições de mercado, aliás conhecidas de todos e em todo o mundo, que se criou esta dificuldade na exploração mineira de Aljustrel.
No entanto, é também de assinalar que a reactivação da exploração mineira em Aljustrel ocorre, por duas vezes seguidas, pela acção forte do Governo. Quer em 2006, quer agora em 2008, foi a acção pró-activa do Governo que permitiu que as minas de Aljustrel retomassem e continuassem a sua laboração e criassem emprego na região.
É muito significativa esta intervenção zangada do PCP; quando o problema está resolvido é que o PCP fica zangado.
Também foi muito significativa a intervenção do PSD hoje, como foi ontem, na Comissão de Assuntos Económicos, Inovação e Desenvolvimento Regional, acusando o Governo de excesso de acção e mostrandose desconfiado e incomodado com a contribuição que os empresários nacionais podem dar para a resolução dos problemas nacionais e para o progresso da economia portuguesa.
Portanto, Sr. Deputado José Soeiro, as perguntas que lhe quero deixar são estas: como é que o senhor está zangado, agora que o problema está resolvido? Como é que o Sr. Deputado vê a intervenção do PSD? Concorda que há um excesso de activismo, um excesso de acção do Governo para resolver, como resolveu, este problema a favor do País e da região?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Nuno Teixeira de Melo): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado José Soeiro.
O Sr. José Soeiro (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Luís Pita Ameixa, como alentejano gosto muito de anedotas, mas esta, de estarmos zangados por as minas terem o problema resolvido, é nova! Recomendo ao Sr. Deputado a leitura dos múltiplos requerimentos que fui fazendo ao Governo, desde que entrei nesta Casa, em 2005. Neles, facilmente, o Sr. Deputado constatará que as preocupações que tínhamos em 2005 e em 2006, quando questionávamos o Governo sobre os negócios e a fiabilidade das afirmações do Governo sobre esta matéria, infelizmente vieram a confirmar-se da pior forma. Foi o despedimento de centenas de trabalhadores, foi a negociação dos recursos mineiros, que são sempre escassos e finitos, com uma multinacional, que por sinal era aquela que já fazia as prospecções em toda a zona da faixa piritosa no Alentejo, em condições que ainda hoje não conhecemos e que era bom conhecer.
Portanto, manifestámos sempre essa preocupação e sempre falámos nesta questão, ao contrário do Sr. Deputado, que pelos vistos só agora está preocupado. Há quatro anos, quando defendíamos a retoma da laboração das minas, o Sr. Deputado defendia, na campanha eleitoral, que nós estávamos a fazer demagogia e que éramos populistas. Mas a verdade é que a vida mostrou não só que os mineiros, o povo de Aljustrel e o PCP tinham razão, quando diziam que as minas eram viáveis, mas também que elas nunca deveriam ter sido vendidas!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. José Moura Soeiro (PCP): — Se as minas não tivessem sido vendidas como foram, se não tivessem sido vendidos os 51% da Somincor à Eurozinc, depois Lundin Mining, talvez o Sr. Secretário de Estado não tivesse tido necessidade de ir agora ao Canadá propor à Lundin Mining aquilo que o PCP propôs como