23 | I Série - Número: 028 | 19 de Dezembro de 2008
resolver o problema e não conseguiu atenuar a situação antes de ela acontecer. Em vez de dar respostas em relação a isto, não, o Sr. Ministro teve foi uma grande preocupação em desculpar e justificar o que aconteceu com a multinacional canadiana. Coitada da multinacional canadiana!» Nas palavras do Sr. Ministro, foi «apanhada de surpresa» pela desvalorização do euro face ao dólar.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Estava «distraída»!
O Sr. Francisco Madeira Lopes (Os Verdes): — Realmente, quem é que poderia contar com essa desvalorização? Um facto absolutamente inédito e inesperado! Depois, veio desculpar a multinacional, dizendo que afinal a cotação também baixou. Como o Sr. Deputado José Soeiro já aqui disse, e muito bem, o mercado serve para dar lucro às multinacionais, mas já não serve para justificar quando a multinacional assume compromissos que eram para 10 anos e que, afinal, acabaram por ser apenas para 10 meses.
O que queremos dizer é que, para as multinacionais, o risco é zero, com o Governo a amparar-lhes os golpes e com o Governo a garantir tão rapidamente os interesses das multinacionais e tão tardiamente os interesses públicos e dos trabalhadores de Aljustrel.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Presidente (Nuno Teixeira de Melo): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado José Soeiro.
O Sr. José Soeiro (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Francisco Madeira Lopes, gostava de referir esta dualidade do Sr. Ministro da Economia.
Quando lhe perguntei como era possível terem sido vendidas as acções das Pirites Alentejanas, na altura, 100% propriedade da Empresa de Desenvolvimento Mineiro, respondeu-me o Sr. Ministro da Economia que entendia que não era necessário ouvir a comissão de trabalhadores nem o representante dos trabalhadores, porque não estavam em causa os postos de trabalho.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exacto!
O Sr. José Soeiro (PCP): — Agora repare-se na diferença! Sabendo, havia meses, que iriam ser despedidos centenas de trabalhadores, o Governo nada fez para informar a comissão de trabalhadores, nada fez para informar sobre as negociações que estava a desenvolver e, ainda hoje, os trabalhadores, tal como nós, Deputados nesta Casa, estamos sem saber o que são as negociações que estão em curso. Porque o Sr.
Ministro afirmou que estavam garantidas para a semana passada, mas quem esteve atento já verificou que, na verdade, não há qualquer assinatura concreta feita com a MTO ou com qualquer outra empresa.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Nada!
O Sr. José Soeiro (PCP): — Portanto, precisamos de saber como é que o Sr. Ministro vai garantir o cumprimento da sua palavra, dada aos mineiros, de que, em Janeiro, todos os trabalhadores seriam readmitidos nas Pirites Alentejanas.
Estamos cá para ver e estamos cá para pedir contas ao Sr. Ministro! Como disse também e como já foi aqui referido várias vezes, temos um Governo que não tem quaisquer pruridos em investir milhares de milhões de euros para salvar bancos na falência, que não hesita em mobilizar milhares de milhões de euros não para garantir os dinheiros dos pobres contribuintes, dinheiros esses que estariam nos bancos e que teriam de ser acautelados, mas para salvar um banco como o BPP, que é o banco das grandes fortunas.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Para esse há dinheiro!
O Sr. José Soeiro (PCP): — Efectivamente, para esse não falta dinheiro!