29 | I Série - Número: 028 | 19 de Dezembro de 2008
O Sr. Jorge Machado (PCP): — O PS aposta na obsessão pelo défice. Quem é que tinha obsessão pelo défice no anterior governo? Eram o PSD e o CDS-PP! O PS corta no investimento público. Quem é que foi responsável por anos sucessivos de corte no investimento público? PSD e CDS-PP! O PSD e o CDS-PP apostaram numa política de baixos salários, atirando para a pobreza milhares e milhares de trabalhadores. Quem é que continua essa política? É o Partido Socialista! Portanto, nos últimos 20 ou 30 anos, quem tem responsabilidades sobre a situação do País são todas essas bancadas que, em termos de grandes opções, são uma única bancada, Sr. Deputado. Não são duas nem três bancadas, é uma só, porque as opções de fundo são exactamente as mesmas.
Protestos do PSD.
Sr. Deputado, explique lá a profunda contradição entre o seu discurso e a postura da bancada do PSD, em termos do Orçamento do Estado, relativamente a três propostas fundamentais, que vou recordar.
O Partido Comunista Português propôs aumento extraordinário das pensões. Como é que o PSD e o CDSPP votaram? Abstiveram-se.
Vozes do PSD: — E o PS?
O Sr. Jorge Machado (PCP): — O PS votou contra!
Vozes do PSD: — Ah!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Repito: o PSD e o CDS-PP abstiveram-se!
Vozes do PSD: — Ah!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Não fiquem contentes com uma abstenção envergonhada! Teriam de ter votado a favor da proposta do PCP! Em matéria de aumento dos salários, a mesma conversa: o PS, o PSD e o CDS-PP nunca aprovam aumentos extraordinários de salários, questão fundamental para combater a pobreza.
Mais; relativamente ao investimento público, o PIDDAC, instrumento fundamental para combater a situação que encontramos hoje, como é que o PSD e o CDS-PP votaram? Votaram contra as propostas apresentadas em sede de PIDDAC.
Portanto, Sr. Deputado, relativamente a estas questões da crise e de como vivem os trabalhadores portugueses, neste Hemiciclo só existe uma outra bancada, onde há consenso quanto à política neoliberal, onde o PS, o PSD e o CDS-PP em nada se distinguem.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Nuno Teixeira de Melo): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Adão Silva.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jorge Machado, com todo o respeito e toda a simpatia, vou dar-lhe o mesmo conselho que dei à Sr.ª Deputada Maria José Gamboa. Não continue a olhar tanto para trás porque vai ficar com um torcicolo e vamos ter de receitar-lhe algum medicamento que, se calhar, nem sequer é genérico, que vai custar-lhe «os olhos da cara» e, portanto, escusamos de ter esse acréscimo de despesa agora, no Natal, época em que as famílias fazem tantas despesas. Sr. Deputado, olhemos para o presente e para o futuro.
Digo-lhe é que o PSD não enjeita o seu passado, mas não pode assumir responsabilidades sobre governação que não é dele.
É que, repare, o PSD nada tem a ver com a situação de intranquilidade criada a 200 000 portugueses»