34 | I Série - Número: 028 | 19 de Dezembro de 2008
o Kosovo. Infelizmente, perdemos esse argumento, mas que foi, para nós, importante, nomeadamente nas discussões que tivemos em Moscovo, para conseguir aquilo que não conseguimos. Mas a verdade é que há aqui um empenho plural que queria sublinhar e agradeço a todos.
Aplausos do PS e de Deputados do PSD.
O Sr. Presidente (Nuno Teixeira de Melo): — Srs. Deputados, ao abrigo dos n.os 2 e 3 do artigo 76.º do Regimento da Assembleia da República, tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Jorge Almeida.
O Sr. Jorge Almeida (PS): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: 10 de Setembro de 1756 — é assinado o alvará régio que institui a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro e a consequente demarcação pombalina que introduziu, pela primeira vez na história mundial do vinho, a ideia moderna de denominação de origem controlada.
2 de Dezembro da 1997: a Assembleia da República aprova, por unanimidade, a Lei n.º 125/97, que cria o Museu do Douro, um compromisso histórico de parlamentares desta Câmara.
14 de Dezembro de 2001: classificação do Douro Vinhateiro como Património da Humanidade. O anfiteatro de xisto construído, moldado e vivido ao longo de séculos, uma das grandes parcerias da história da humanidade feita entre o criador e os durienses, cujo resultado foi uma das mais incríveis e fantásticas criações cénicas reconhecida pela UNESCO naquela data como paisagem evolutiva e viva. O tributo prestado a um povo que a pá e ferro, pedra a pedra, cepa a cepa, ano após ano, soube construir com tanta dor, suor, lágrimas, paixões, amarguras, desavenças e amor um incomensurável património paisagístico, cultural e social.
Junho de 2004: o antigo edifício da Real Companhia Velha, a popularmente conhecida Casa da Companhia, é adquirido pelo Ministério da Cultura, através da Direcção-Geral do Património. Edifício verdadeiramente emblemático do Douro setecentista que funcionou durante mais de dois séculos como centro administrativo das actividades da Companhia do Alto Douro.
15 de Dezembro de 2005: é aprovado em Conselho de Ministros o decreto-lei que cria a Fundação Museu do Douro e aprova os respectivos estatutos, tendo como fim a instalação, manutenção e gestão do Museu do Douro, instituição museológica de âmbito regional vocacionada para a inventariação, recolha, investigação, preservação, valorização e divulgação do património material e imaterial do Douro Vinhateiro.
Uma medida política da maior assertividade foi também a confirmação e a institucionalização de um modelo museológico que fez evoluir a noção convencional de museu, edifício, colecção, para o novo paradigma de um museu aberto e interactivo com o seu território de referência, onde habitam as comunidades detentoras e produtoras permanentes de uma cultura multivalente, comunidades essas que são precisamente o principal activo da classificada paisagem evolutiva e viva.
Um museu que não se vai afirmar pelas peças ou colecções de valor intrinsecamente técnico e científico mas, sobretudo, pela representação e interacção com um meio natural e cultural a perceber como um todo, recebido por herança, que se valoriza, cria e recria pela acção do Homem de forma a melhor explicar a natureza e a história dessa mesma herança.
20 de Dezembro de 2008: no próximo sábado, o Primeiro-Ministro, José Sócrates, vai inaugurar o edifício sede do Museu de Douro, situado na cidade da Régua, uma grande obra de requalificação da Casa da Companhia.
Um investimento total de 7 milhões de euros, com 7500 m2 de área funcional, um espaço aberto de valorização social, cultural e turística, um dos maiores, senão o maior e mais ambicioso investimento cultural realizado pela administração central na região, bem no coração do Alto Douro Vinhateiro, na sua cidade de referência administrativa e comercial, a cidade do Peso da Régua.
Uma obra lançada após decisão pragmática e inadiável do Ministério da Cultura e executada, sem qualquer derrapagem orçamental ou temporal, em 21 meses.
Em hora de regozijo e exaltação regional, gostaria de deixar duas notas.
Uma, de reconhecimento a ex-Deputados desta Casa, como António Martinho, Lino de Carvalho e outros, que tão bem souberam interpretar o sentimento dos durienses ao construírem e fazerem aprovar, por unanimidade, a lei que criou o Museu — os durienses nunca os esquecerão — e a governantes de três