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17 | I Série - Número: 040 | 30 de Janeiro de 2009

E, por causa dessa teimosia, eis-nos aqui de novo, decorridos menos de dois meses, a debater um conjunto de documentos, incluindo um orçamento rectificativo, que assentam em projecções bem diversas, para pior, daquelas cujo acerto o Governo e a obediente maioria parlamentar socialista — então acerrimamente — sustentaram.
Tendo em conta a velocidade com que atravessou a vida política portuguesa, é caso para dizer que o Orçamento para 2009 é uma espécie de «Speedy Gonzalez» dos Orçamentos!

Risos do PSD.

O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Vocês divertem-se com isto, mas a coisa é séria, é grave!

O Sr. José de Matos Correia (PSD): — Ou, se preferirem, que é mais rápido do que a própria sombra! Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: seja-me permitido, neste momento, um pequeno desvio ao fio de raciocínio.
É porque, ao reflectir sobre os factos a que aludi, veio-me à ideia uma situação ocorrida há não muitos anos atrás com o governo do Eng.º António Guterres e relacionada, também ela, com o tema do défice orçamental.
Num dia, não havia qualquer problema e o défice estava controlado. No dia seguinte, o pânico instalava-se nas hostes e apresentava-se atabalhoadamente um plano composto por dezenas de medidas destinadas a evitar o acumular desse défice.

O Sr. José Eduardo Martins (PSD): — Bem lembrado!

O Sr. José de Matos Correia (PSD): — Recordam-se, Srs. Ministros? Recordam-se, Srs. Deputados socialistas? Seguramente que sim, porque muitos são os mesmos de então.

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Sr. José de Matos Correia (PSD): — Então e como agora a atitude é comparável; o modus operandi é similar; a irresponsabilidade é a mesma.

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Sr. José de Matos Correia (PSD): — É verdade que, como diz o nosso povo na sua imensa sabedoria, «quem sai aos seus não degenera».
Valha-vos ao menos isso, Srs. Membros do Governo e Srs. Deputados Socialistas! Voltemos contudo à questão dos números agora apresentados e que hoje escrutinamos: segundo o Governo os novos valores para 2009 são de 3,9% para o défice orçamental, 8,5 % para o desemprego e menos 0,8% para o PIB. E, para 2010, as previsões que elenca são de, respectivamente, 2,9% para o défice, 8,2% para o desemprego e 0,5% para o PIB.
Perante tais valores, que se afastam em muito das projecções elaboradas por várias e prestigiadas instituições internacionais, ressalta à evidência que o Governo prefere insistir na negação da realidade; que o Governo prefere insistir na apresentação de dados inconsistentes e incongruentes e que o Governo prefere insistir na manipulação dos números, ao sabor das suas conveniências políticas e partidárias.

O Sr. José Eduardo Martins (PSD): — E de tal maneira que a bancada socialista até finge que não está cá!

O Sr. José de Matos Correia (PSD): — Numa coisa, porém, o Governo é coerente: no modo insuperável como encena e põe em palco a farsa orçamental.