59 | I Série - Número: 092 | 18 de Junho de 2009
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — » com o apoio inequívoco da maioria que o tem apoiado ao longo dos últimos quatro anos.
Protestos do PCP.
Este debate coloca em dificuldade, sobretudo, o CDS, o partido proponente da moção de censura.
É certo que o partido proponente tinha, nesta matéria, particular responsabilidade. Mas também sabemos que a moção de censura foi anunciada numa noite de angõstia existencial,»
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — A crise existencial foi no Largo do Rato!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — » que a eleição de dois Deputados para o Parlamento Europeu suscitou emoções fortes e, entre duas lágrimas furtivas, o Dr. Paulo Portas não conseguiu resistir ao impulso de uma moção de censura.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Angústia eleitoral!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Sabe que tenho grande simpatia por si e, por isso, não direi, como disse o meu camarada Alberto Martins, que foi um gesto infantil, direi que foi um gesto politicamente imaturo.
Aplausos do PS.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Consequente!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Mas sabemos, Sr. Deputado Paulo Portas, que, sem a leve e eterna adolescência com que vive a vida política portuguesa, esta não seria o que é.
Por isso, Sr. Deputado, apesar de reconhecer esse erro, reconheço-lhe a energia, o instinto e a intuição que teve, pelo menos, para comprometer o PSD da forma como comprometeu, que cedeu à autonomia táctica que, num período pré-eleitoral, o primeiro partido da oposição deveria saber assumir e preservar, mas que não cedeu, necessariamente, à pressão enorme que o poder exerce sobre as suas bases e que a aproximação ao CDS, inevitavelmente, reproduz.
Por isso, e só por isso, o Sr. Deputado pode sair hoje daqui com uma pequena vitória, mas que não lhe vai ser muito, sobretudo tendo em consideração os enormes desafios com que o País está confrontado.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Veremos!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — O País está confrontado com desafios que exigem uma linha não de oportunismo político, que esta moção de censura tão bem revela e que toda a oposição tem seguido consistentemente, despudoradamente mesmo, ao longo dos últimos tempos, sobretudo depois de a crise internacional ter atingido o País, mas de oportunidades, que é o que faz a diferença entre uma oposição oportunista e uma oposição capaz de construir alternativas.
Sr. Deputado Paulo Portas, não está em causa a legitimidade de a oposição aproveitar as oportunidades que as circunstâncias ou até os erros do Governo lhe propiciam. Não é isso que está em causa. O que está em causa é que à oposição pede-se mais. E uma oposição que quer ser alternativa tem de querer mais! E a oposição que quer governar tem de ser capaz, necessariamente, de fazer mais ainda e, sobretudo, de fazer o contrário do que é o oportunismo político, que é a capacidade para criar oportunidades e não de viver das oportunidades que as circunstâncias ou que os outros lhe criam.
Vozes do PS: — Muito bem!