20 | I Série - Número: 101 | 9 de Julho de 2009
e também não queremos transformar um debate sobre segurança ou insegurança num debate sobre as leis penais. Vamos discutir, abertamente, um ou outro tema, conforme assim nos propusermos.
Mas, Sr. Ministro, Sr.as e Srs. Deputados, gostaria de colocar uma questão muito directa ao Governo, que tem a ver com a actual situação das forças de segurança.
Todos nós temos assistido ao processo negocial entre as várias associações de segurança e associações profissionais com o Ministério da Administração Interna; todos nós nos apercebemos de que esse não tem sido um caminho frutífero e não tem sido um caminho que tenha ido no sentido de moralizar as forças de segurança e, sobretudo, um caminho de recuperação, ao nível socioeconómico das forças de segurança, seja a PSP seja a GNR — e aqui temos um problema de fundo, que o Governo tinha de resolver, ou deveria ter resolvido, e tem de responder sobre ele.
Porque sem forças de segurança, por um lado, moralizadas e, por outro, dispostas a cumprir as suas tarefas, nunca teremos nem serviços de polícia de proximidade nem outras tarefas cumpridas.
Aliás, não deixa de ser paradigmático que, ao mesmo tempo que existe uma linha que menoriza as forças de segurança, a segurança privada floresce no nosso País. E é sobre isto que o Governo devia, de facto, aqui pronunciar-se.
Já agora, Sr.as e Srs. Deputados, porque também estamos a falar de segurança e de insegurança, gostaria de trazer uma realidade a este debate, que, geralmente, é esquecida, que são as situações de insegurança que mais mortes provocam no nosso País — estamos a falar da violência doméstica, infelizmente, ausente deste debate; mas não deve ficar ausente porque, se estamos a falar de segurança e de insegurança, é preciso perceber qual é o crime também que mais mortos provoca no nosso País e tudo o que temos de fazer no seu combate, que é o caso da violência doméstica.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Nuno Teixeira de Melo): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Vasco Franco.
O Sr. Vasco Franco (PS): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Uma primeira palavra de solidariedade à PSP e, em particular aos agentes feridos, uma palavra de confiança porque essa confiança nas forças de segurança continua a existir e uma palavra de reconhecimento pelo esforço que continuam a fazer todos os dias.
Quando se fala de desmotivação, penso que se pratica uma ofensa grave às forças de segurança. As forças de segurança todos os dias dão provas de motivação, de empenhamento e de capacidade para enfrentar as situações que têm que enfrentar.
A segunda questão que quero referir prende-se ainda com a motivação.
Os Srs. Deputados que falaram em nome do PSD e do CDS-PP falam de motivação e eu pergunto: que motivação poderiam ter os agentes das forças de segurança quando não tinham carreiras de tiro? Quem é que fez as carreiras de tiro que os agentes das forças de segurança hoje têm para se prepararem melhor para enfrentarem situações como aquela que tiveram de enfrentar? Foi este Governo, não o vosso governo!
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Vasco Franco (PS): — Quem é que forneceu aos agentes policiais da PSP novas armas para substituir as armas pré-históricas que tinham enquanto os senhores foram governo? Foi este Governo, não foram os senhores! Quem é que entregou 1500 viaturas às forças de segurança nos últimos três anos? Foi este Governo, não foram os senhores!
Vozes do PS: — Muito bem!
Protestos do PSD e do CDS-PP.