18 | I Série - Número: 015 | 16 de Outubro de 2010
O Governo está a reagir a essa crise, e reagiu bem em 2009, apoiando a sua economia e tendo um dos melhores resultados económicos da Europa. O mesmo em 2010, sendo que a nossa economia está a crescer, no primeiro semestre, 1,4%.
Portanto, Sr. Deputado, em questão de economia, faça o favor de não contribuir para um debate que não seja um debate elevado e à altura das nossas responsabilidades.
Aplausos do PS.
Mas, Sr. Deputado, não fuja à questão política. A questão que aqui está hoje colocada não é apenas a questão económica, é a questão política da ameaça de crise política que o PSD faz ao País desde Agosto.
Desde essa altura, desde a festa do Pontal, o PSD tem dado um espectáculo absolutamente lamentável nas suas declarações. Todos os dias aparece uma declaração, num sentido ou no outro — e esses sentidos são completamente contraditórios — , relativamente ao que vai acontecer.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — O senhor é que faz isso há seis anos!
O Sr. Primeiro-Ministro: — O PSD, quer através do seu líder quer através dos seus vice-presidentes ou das suas pessoas mais próximas, num dia diz que vai chumbar o Orçamento porque não reduz suficientemente a despesa ou porque aumenta os impostos ou por qualquer outra razão; no dia a seguir lembra ao País que é muito responsável e que agirá em conformidade com essa responsabilidade.
Sr. Deputado, não há quem perceba essa estratégia! Não há! Fazem-se apostas: o que é que o PSD vai fazer? Vai votar a favor? Vai abster-se? Vai votar contra? Sr. Deputado, esta incerteza é negativa para o País.
Portanto, se alguma coisa lhe posso dizer neste momento é que é altura de o PSD terminar com o tabu.
Terminem com o tabu, Sr. Deputado! Terminem com a incerteza!
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, tem de concluir.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Deputado, verdadeiramente, o resultado é este: seja qual for a sua decisão, o PSD já perdeu a oportunidade de estar à altura das responsabilidades do momento. O que o momento exige é decisão, o que o momento exige é coragem, o que o momento exige é determinação na assunção de uma posição clara; o que o momento não exige, porque contribui, porventura, para agravar a nossa situação, é incerteza e dúvida, e por isso lhe faço este convite, Sr. Deputado. É altura de terminarem com as indecisões, de terminarem com o tabu e assumirem as vossas responsabilidades. Assim, dessa forma, contribuirão para que o País possa enfrentar melhor os seus problemas.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Macedo.
O Sr. Miguel Macedo (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, entramos agora no roteiro normal destes debates: o Sr. Primeiro-Ministro a fazer-se de vítima. Mas, Sr. Primeiro-Ministro, quero dizer-lhe que não é vítima de coisa nenhuma. Vítimas são os portugueses que, hoje, vão pagar o custo do eleitoralismo e facilitismo que o senhor fez, no ano passado, para ganhar as eleições.
Aplausos do PSD.
Protestos do PS.
Já agora, Sr. Primeiro-Ministro, repito: o PSD não dá cheques em branco, não dá cheques em branco a este Governo.