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20 | I Série - Número: 032 | 22 de Dezembro de 2010

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Por isso, fica mais caro para o Estado, mas fica também mais caro para os passageiros.
E quando falamos de políticas de sustentabilidade e do combate aos excessos falamos do combate a estas privatizações, que retiram dinheiro ao Estado, retiram dinheiros aos portugueses, e do combate a esta gula, que degrada o País.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (José Vera Jardim): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Ainda há duas semanas, ouvimos um Deputado da bancada do Partido Socialista congratular-se com a política do Governo para os transportes, mais concretamente com os investimentos na ferrovia. Hoje aconteceu o mesmo.
De facto, ficamos de boca aberta, porque a política de transportes do Governo mais não tem sido do que transportar os portugueses para fora dos transportes públicos e, sobretudo, para fora dos comboios. Mas, pelos vistos, o Governo ainda considera as medidas insuficientes e tem a intenção de empurrar mais e mais pessoas para fora dos transportes públicos.
As intenções anunciadas recentemente de despedir centenas ou milhares de trabalhadores do sector dos transportes, em particular do transporte ferroviário, e de, ao mesmo tempo, eliminar um conjunto de serviços de transporte colectivo, nomeadamente comboios regionais da CP e carreiras fluviais da Transtejo, é, a todos os títulos, inaceitável.
As medidas de reestruturação anunciadas pela CP, que implicarão não só a redução de postos de trabalhos como também a eliminação de serviços prestados às populações, só têm, na nossa perspectiva, um único objectivo, que é preparar e tornar apetecível a privatização do sector ferroviário.
O anúncio da reestruturação dos serviços de transportes nas regiões mais povoadas do País — Lisboa e Porto — e a abertura da concessão das linhas ferroviárias suburbanas são a ponta do iceberg e uma prenda de Natal descarada ao lobby rodoviário, o qual está, como se sabe, intrinsecamente ligado às grandes empresas de construção.
Os Verdes não têm dúvidas de que estas intenções, caso venham a concretizar-se, terão impactos sociais e ambientais gravíssimos, tanto a nível de emprego como a nível do agravamento do tempo passado em deslocações.
O alcance das intenções do Governo, para além de representarem um roubo de tempo às pessoas, tempo que, aliás, deveria ser consumido com a família, representa ainda um forte aumento da factura energética, o agravamento da emissão de gases com efeito de estufa e mais um contributo para a desertificação do interior.
Estas são medidas que vêm contrariar a tendência que, fruto da crise, se estava a fazer sentir, ainda que de forma tímida, na deslocação do transporte individual para o transporte colectivo e que vêm completamente ao arrepio das necessidades do presente e do futuro.
Num momento de crise económica e ambiental profundas, onde os transportes públicos, nomeadamente o transporte ferroviário, deveria ser um pilar fundamental de uma estratégia para um desenvolvimento que aliviasse a factura energética, que promovesse o emprego, que facilitasse a mobilidade e que combatesse as assimetrias regionais, faz-se exactamente o inverso.
Ora, esta obsessão do Governo em desmantelar a rede ferroviária nacional e em criar um modelo de gestão incoerente, que penaliza fortemente os utentes, porque os afasta do transporte ferroviário, e que fragiliza os meios de transporte que mais servem os portugueses das zonas do interior no seu dia-a-dia não é, infelizmente, novo, já vem do tempo dos governos de Cavaco Silva. O problema é que encontrou fiéis seguidores, que pretendem cumprir, ao nível da política de transportes, as mesmas linhas essenciais, os mesmos traços mais marcantes, das políticas desses governos de Cavaco Silva.