13 | I Série - Número: 033 | 23 de Dezembro de 2010
Aplausos do PS.
Entretanto, assumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente José Vera Jardim.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Galamba, disse que tracei, na minha intervenção, um cenário dantesco sobre o aumento da pobreza. O que eu disse, da tribuna, sobre a pobreza não fomos nós que o inventámos. Sr. Deputado, ouça o que dizem os autarcas, o que dizem aquelas câmaras municipais que decidiram que as escolas ficam abertas ao fim-de-semana para dar de comer às crianças, porque elas não têm comida em casa. O Sr. Deputado ouça o que dizem as instituições que se dedicam ao combate à pobreza, declarando que não estão a ter meios para ajudar todas as pessoas, porque têm aumentado de uma forma extraordinária as que pedem ajuda alimentar. O Sr. Deputado ouça, inclusivamente, os representantes da Igreja Católica, que têm uma acção social nesta matéria. O Sr. Deputado ouça-os, porque não somos nós que estamos enganados. As únicas entidades que insistem em fechar os olhos perante a dura situação de pobreza no nosso País são o Governo e o Partido Socialista. Portanto, seria bom que os senhores, em vez de nos acusarem de fazermos cenários dantescos, olhassem para a realidade e não fechassem os olhos perante ela.
O Sr. Deputado falou em «a esquerda que se alia à direita». Essa é muito boa, Sr. Deputado! Então, fomos nós que nos aliámos com a direita para aprovar o Orçamento do Estado para 2011?!
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — Ou foram os senhores que aprovaram o Orçamento do Estado com o apoio activo do PSD e do Presidente Cavaco Silva?! Foram ou não?!
Protestos do PS.
Quem é que tem apoiado o Governo, em todas as medidas anti-sociais, em todas as medidas de destruição do Estado social? Somos nós ou é a direita?! Evidentemente, a realidade é indesmentível: tem sido com o apoio da direita que o PS tem levado a cabo esta política que tem aumentado a pobreza e destruído o Estado social.
Finalmente, Sr. Deputado, teve umas tiradas filosóficas, não sei se pseudomarxistas, se pseudoantimarxistas, não percebi, mas que, em todo o caso, a esta hora da manhã, me deixaram com a cabeça um pouco a andar à roda. Presumo que o Sr. Deputado tenha lido o Marx das Selecções do Reader´s Digest, e com essas «fontes» não discuto.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Vera Jardim): — Ainda para formular pedidos de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Magalhães.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado António Filipe, trouxe-nos aqui uma intervenção sobre um tema que é sério e merece reflexão, preocupação e, sobretudo, acção, que é o tema do combate à pobreza.
Faz, por isso, uma antevisão negra, pessimista — é verdade! — , mas se calhar, infelizmente, realista do ano que se aproxima. Nessa parte, Sr. Deputado, até posso acompanhar parte do discurso que fez.
Também posso, de alguma forma, compreender quando diz que o Governo parece desorientado. É verdade, nós temos um Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros com imensas opiniões pessoais — na maioria das vezes, acertadas, em nossa opinião; temos uma Ministra da Saúde e um Ministro de Estado e das Finanças que se digladiam publicamente para saberem qual é o «buraco» (sendo certo que é enorme em