O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

29 | I Série - Número: 038 | 14 de Janeiro de 2011

E essa, Sr. Presidente e Srs. Deputados, é só uma contradição. É que há várias contradições neste debate, e a primeira delas é que o Governo e o Partido Socialista — Sr.ª Deputada Sónia Fertuzinhos, foi a senhora! — ainda lançam, aqui, os últimos foguetes da operação da dívida pública de ontem e já está a anunciada a recessão para Portugal. E esse é o problema! Como é também uma contradição brutal que, no momento em que aumentam todos os preços, em que aumentam de forma tão significativa os preços dos bens essenciais, o Governo tenha congelado as pensões dos que têm menos dinheiro, inclusivamente a pensão mínima.

Aplausos do CDS-PP.

Congelar a pensão mínima significa que, se a inflação, como diz o Banco de Portugal, são 2,7%, os pensionistas já estão a perder esses 2,7%, independentemente de todos os outros aumentos que se estão a verificar.

Aplausos do CDS-PP.

Fizemos as contas, seguindo os números da DECO de hoje e todos os artigos jornalísticos que têm sido publicados, e diríamos que uma família em que estejam ambos os cônjuges empregados (esta nem é sequer a pior situação, que é a do desemprego) com rendimentos á volta ou um pouco acima dos 600 € cada, com dois filhos a cargo — não são funcionários públicos porque, nesse caso, seria pior; não estão a recibos verdes, porque, então, por força do Código Contributivo, seria pior ainda! — , portanto com rendimento mensal à volta dos 1200 €, vão perder de rendimento, com o corte do abono de família, sobretudo com o corte do abono de família para o quarto escalão, e com o aumento de impostos, mais de 100 € por mês! Na despesa, e por alto, fazendo uma lógica de cabaz — usando os números da DECO, o estudo do Público, ou os números que quiserem — , conclui-se que essa família vai gastar a mais cerca de 80 € por mês.
Ou seja, uma família que receba menos 100 € por mês vai gastar mais 80 € a 90 € todos os meses. O que é que isto quer dizer? Onde é que eles vão cortar?. Onde? É na educação? É na saúde, onde as taxas também aumentam? Como é que essa família vai responder? É na alimentação, com o preço do pão a subir 12%, por exemplo, ou com o aumento global dos alimentos a subir 4%? Onde é que esta família vai cortar?! Ó Srs. Deputados, a realidade é esta: o Governo está muito contente, porque consegue colocar dívida pública e porque ainda tem recurso ao crédito; essa família está muito triste, porque não sabe como é que vai fazer face às despesas no fim do mês. Esta é a contradição fundamental!

Aplausos do CDS-PP.

Os empresários também não sabem como é que vão pagar salários ao fim do mês. Isto tem, obviamente, Sr. Secretário de Estado, uma razão de ser fundamental: é que este Governo não tem política económica nem sensibilidade social.
Não tem política económica, porque o Governo, hoje, tem um único objectivo.

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Queira concluir, Sr. Deputado.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Vou terminar, Sr. Presidente.
O único objectivo do Governo é este: como é que nós chegamos à próxima emissão da dívida pública, e — na velha expressão de Jorge Coelho — «nos safamos»?

Aplausos do CDS-PP.

O Governo só quer conseguir chegar à próxima emissão da dívida pública e não tem sensibilidade social porque, senão, teria atendido a muitas das medidas que propusemos, a muitas das soluções que apresentámos e que recusou sistematicamente.