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33 | I Série - Número: 038 | 14 de Janeiro de 2011

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: O discurso do Governo, no início deste debate, centrou-se numa expressão que o Sr. Secretário de Estado da Energia e da Inovação precisou de repetir algumas vezes — sensibilidade social.
O Governo diz que sim, mas o povo sabe que não. O Governo precisa de dizer muitas vezes «temos muita sensibilidade social», pois ninguém consegue ver essa sensibilidade social. Por isso, o Governo precisa de auto-rotular-se de «sensível social», quando toda a gente sabe que o não é.
Sr. Secretário de Estado, cortar nos salários é de uma sensibilidade social brutal!.. Congelar pensões é de uma sensibilidade social brutal!» Acabar com apoios sociais, designadamente com o abono de família, ou levar a que muitos mais desempregados não tenham acesso a subsídio de desemprego e fiquem sem formas de subsistência é de uma sensibilidade social brutal!» Não, Sr. Secretário de Estado, já não enganam ninguém, e é preciso que os senhores se consciencializem disso! À medida que os senhores, por opção própria, por decisão própria, retiraram, furtaram — atrevo-me mesmo a dizê-lo — poder de compra às populações, o que é que as pessoas vêem? Retiram o seu poder de compra e, por isso, quando as pessoas vão comprar aquilo de que precisam verificam que os preços estão todos a subir, a galopar! A energia sobe 3,8%. O Sr. Secretário de Estado deu a entender no seu discurso que só subiu 3,8%, como se isso não fosse absolutamente nada! E diz isso, Sr. Secretário de Estado, quando sabemos, como já foi referido por diversas vezes neste debate, que uma grossa parte daquilo que o consumidor paga na sua factura de electricidade vai directamente para os bolsos dos accionistas dessas empresas. Isso não o escandaliza, Sr.
Secretário de Estado?

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Não!

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Então, devemos conviver pacificamente com isto?! Isso era o que os senhores queriam, que estas questões não fossem denunciadas! Isto é um verdadeiro escândalo! As pessoas não têm de andar a pagar estas opções de liberalização que o Governo anda a fazer! Isto não tem regulação possível, Sr. Secretário de Estado, é uma desregulação total, mas sempre a tocar em benefícios para os mesmos e sempre a prejudicar os mesmos, neste caso concreto os consumidores e muitas empresas.
O preço dos transportes sobe de 3,5% a 4,5%. Pois, é quase nada, não é verdade?! Mas as pessoas sentem os aumentos no final do mês. Os bens alimentares sobem 4%, 12%, 10%, 15%. Não é nada?! Pois não, mas tudo junto é muito. Não é verdade, Srs. Secretários de Estado? O aumento do IVA não foi opção do Governo e o PSD não deu ajudinha nenhuma?!» Isto é aquilo que as pessoas estão a sentir quando vão às compras. Designadamente aqueles que menos poder de compra têm sentem-no bem na pele! O Governo determinou, com o PSD, o aumento do preço dos bens! Então, querem tirar daí a vossa responsabilidade? Não pode ser! Mais: falta na bancada do Governo um secretário de Estado da área da saúde. Trouxeram um ror deles, pois claro, porque aumenta tudo, mas faltam mais secretários de Estado!

Risos dos membros do Governo presentes.

Faltam mais, Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares! Temos as taxas moderadoras a aumentar para pensionistas e desempregados, que não têm poder de compra.

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Sr.ª Deputada, tem de terminar.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Termino já, Sr. Presidente.
Algumas vacinas e alguns atestados médicos passam de custar cêntimos para passarem a custar dezenas de euros. Isto não escandaliza ninguém? Porquê agora? «Porque há muito tempo não eram aumentados» — dizem. É tudo porque há muito tempo não havia aumentos e, agora, que custa tudo a todos — ou a quase todos, vá lá — , é sempre a sobrecarregar. Esta é a vossa sensibilidade social.