39 | I Série - Número: 062 | 11 de Março de 2011
Srs. Deputados, esta degradação da linguagem conduz a um empobrecimento do pensamento e a uma profunda desvalorização da discussão e do debate.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Muito bem!
O Sr. Francisco de Assis (PS): — E verificou-se também neste debate, numa coisa muito simples: na forma como a realidade económica e financeira do País é descrita. Não é sério! Começar por fazer uma descrição da realidade económica e financeira do País, ignorando por completo a circunstância de o mundo estar a viver a mais grave crise financeira dos últimos 100 anos, é pouco sério, não é correcto, não concorre, em nada, para promover o debate político.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, a pergunta que lhe faço é muito simples. Já todos os partidos tiveram oportunidade de dizer aqui que, amanhã, vai decorrer uma cimeira extraordinária dos países do euro que tem a maior importância para o futuro da Europa e para o futuro de Portugal. A ninguém ocorreu fazer qualquer pergunta sobre esta questão, como se ela fosse uma questão completamente menor. Isto revela a agenda profundamente paroquial das nossas oposições.
Aplausos do PS.
A minha pergunta, Sr. Primeiro-Ministro, é muito simples: com que expectativas e com que perspectivas é que o Sr. Primeiro-Ministro parte para essa cimeira?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Srs. Deputados, também lamento esse nível que tem vindo a empobrecer o nosso debate político, porque cada vez que aqui venho a tentação de todas as bancadas não é procurar elevar o debate, é apenas o ataque, e o ataque pessoal, tantas vezes.
Protestos do BE.
E lamento muito que isso se verifique. Mas o dever de um governante é estar à altura da situação e faço o meu melhor para responder e para defender também a política que o Governo conduz.
Quero dizer, em primeiro lugar, que não se defende o Estado social pretendendo que tudo fique na mesma.
O pior inimigo do Estado social é aquele que não aceita nenhuma reforma, é aquele que não quer melhorar nenhum serviço, é aquele que aceitou durante anos a fio que tivéssemos escolas com menos de 20 alunos, condenando à segregação social e ao isolamento essas crianças.
Esse sistema público de ensino, que não dava uma boa educação, foi responsável por décadas e décadas de empobrecimento intelectual do País e por muitas gerações condenadas. É por isso que lamento muito que o PCP não entenda que a única forma de defendermos o serviço público de saúde é modernizá-lo,»
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É destruí-lo!
O Sr. Primeiro-Ministro: — » que a õnica forma de defendermos o serviço público de educação é modernizá-lo, actualizá-lo, estar à altura das circunstâncias, é dar-lhe mais eficiência,»
Vozes do PCP: — É fechar!
O Sr. Primeiro-Ministro: — » ç concentrar os recursos, ç melhorar os serviços. E lamento muito que não se entenda que essa é a atitude de quem não quer mexer em nada, que essa é uma atitude que não ajuda em nada o Estado social.