I SÉRIE — NÚMERO 59
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O Sr. Amadeu Soares Albergaria (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr.as
Deputadas: Não sendo
da lei da Casa, é usual que se comecem os debates das petições realizadas em sessão plenária,
cumprimentando os peticionários. E parece-me justo que assim seja. Cumprimentar os peticionários, mais do
que um ato de cortesia, é sublinhar a participação cidadã, é reconhecer o empenho dos cidadãos e é
agradecer os contributos que nos trazem.
Cumprimento, pois, os peticionários.
São peticionários que solicitam que passe a constar nos rótulos e/ou contra rótulos das garrafas de vinho
qual o tipo de vedante utilizado. Só com esta informação, sustentam os autores desta iniciativa, os
consumidores podem escolher um produto que seja o mais correto do ponto de vista ambiental e que traga
mais-valias socioeconómicas para Portugal.
Na realidade, nas últimas décadas vimos surgir vários tipos de vedantes, destacando-se de entre eles as
cápsulas de alumínio e os vedantes de plástico. Estes vedantes não naturais constituíram-se como uma
ameaça à rolha de cortiça, à qual a indústria corticeira portuguesa, com a perícia e o empenho dos
trabalhadores e o empreendedorismo dos seus empresários, soube responder com determinação, com
inovação e desenvolvimento e com muita informação junto dos consumidores, particularmente dos
estrangeiros, sobre o que é e como se produz a rolha de cortiça e quais as suas vantagens.
A Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR) promoveu mesmo um estudo onde se procurou caracterizar
a fileira da cortiça. A principal conclusão é a de que Portugal continua, felizmente, a liderar na produção e
transformação de cortiça: Portugal é o maior produtor mundial de cortiça, com quase 50% da quota de
mercado; Portugal é o líder mundial das exportações de cortiça; a fileira da cortiça representa mesmo 2% das
exportações de bens portugueses e 0,2% das importações, o que demonstra um valor acrescentado nacional
muito elevado; a indústria da fileira da cortiça investiu em investigação e desenvolvimento, nos últimos 10 anos
e em termos globais, 482 milhões de euros; mais de 600 empresas laboram neste sector, sendo que cerca de
70% delas fabricam rolhas; cerca de 9000 famílias trabalham na indústria da cortiça.
Sr. Presidente, para concluir, acrescentaria ainda o seguinte: a Organização Internacional da Vinha e do
Vinho lançou, recentemente, novas normas ambientais para o setor vitivinícola, onde recomenda a utilização
da rolha de cortiça enquanto produto sustentável.
Os consumidores portugueses valorizam a utilização da rolha de cortiça enquanto vedante, tendo em
consideração as suas características e o que ela representa do ponto de vista ambiental, económico e social.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. Amadeu Soares Albergaria (PSD): — Vou concluir, Sr. Presidente.
O Grupo Parlamentar do PSD sabe da sensibilidade, do empenho e do acompanhamento que o Governo
dedica a esta matéria e está certo de que serão encontradas as soluções legislativas adequadas à defesa da
competitividade dos vinhos portugueses nos vários mercados e ao direito que os consumidores têm de obter a
informação que lhes permita exercer de forma mais esclarecida as suas opções de compra.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Ramos.
O Sr. João Ramos (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Após um processo demorado, chega
finalmente hoje ao Plenário da Assembleia da República a petição intitulada «Vinho com informação é opção».
Desde já, saúdo os seus mais de 10 000 subscritores. Esta petição assume a necessidade de tornar acessível
ao consumidor o conhecimento sobre o tipo de vedante utilizado na garrafa de vinho que pretende adquirir.
Assim, defende-se que o rótulo das garrafas possa incluir essa menção.
Mas aquilo que são as razões apontadas para esta exigência remetem-nos para outro âmbito da petição. A
defesa da inclusão dessa informação comporta uma defesa da promoção da utilização da cortiça como
vedante. Desta forma, esta é mais uma medida de defesa e valorização desta matéria-prima, de que Portugal
é ainda o principal produtor.