I SÉRIENÚMERO 81
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Francisco Louçã, o que foi transferido para a
Lusoponte por despacho e determinação do Sr. Secretário de Estado terá uma justificação de que não
disponho neste momento.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Eu dou-lhe cópia, Sr. Primeiro-Ministro!
O Sr. Primeiro-Ministro: — O Sr. Deputado diz que se deve ao facto de indemnizar a Lusoponte por uma
ausência de pagamento que não ocorreu. Ora, Sr. Deputado, não leva a mal que eu considere que é
necessário que o Sr. Secretário de Estado dê uma explicação ao Ministro da Economia e ao Primeiro-Ministro
sobre essa transferência, porque por essa razão, com certeza, não pode acontecer.
Nesse sentido, Sr. Deputado, não sei qual foi a razão que motivou essa transferência, irei apurá-la, na
certeza, porém, de que me custa muito acreditar que tenha sido pela razão paradoxal de compensar a
Lusoponte de uma perda que ela não teve.
Portanto, Sr. Deputado, se ocorreu uma tal situação abstrusa, ela será corrigida, com certeza. Pode ter a
certeza absoluta! Não leva, no entanto, a mal que eu queira aguardar a explicação do Sr. Secretário de Estado
por me surpreender que uma tal situação pudesse ocorrer com esse fundamento.
Em segundo lugar, Sr. Deputado, o contrato de venda da participação que a Parpública detém nas redes
energéticas nacionais não está ainda concretizado, razão pela qual, no âmbito desse contrato, não há lugar,
seguramente, a qualquer compensação financeira a quem ainda não detém participação na REN.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Francisco Louçã.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, o senhor tem um problema com os
Secretários de Estado e estou aqui para o ajudar,…
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Ah!…
O Sr. Francisco Louçã (BE): — … porque, se não conhece a justificação do seu Secretário de Estado,
tenho o máximo gosto em oferecer-lha.
O facto é que a Lusoponte cobrou duas vezes e o Sr. Primeiro-Ministro anunciou aqui — creio que
percebemos todos muito bem — que o Secretário de Estado tem um pouco mais do que justificações a dar.
Talvez tenha um lugar a ser posto em causa…
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. Francisco Louçã (BE): — O mesmo digo sobre a questão do capital chines e do capital do sultanato
de Omã.
Sr. Primeiro-Ministro, não sei se se preparou para este debate, mas o facto é que a sua Secretária de
Estado já veio a este Parlamento dizer que vai pagar em 2012, a quem comprou a REN, 36 milhões de euros
pelos dividendos respeitantes a 2011, ano em que não tinham um cêntimo na REN.
Ou seja, o Estado é a «árvore das patacas». O Estado rompe contratos com o 13.º mês e com o 14.º mês
com uma facilidade e um à-vontade enormes, mas, Sr. Primeiro-Ministro, quando alguém lhe quer cobrar o
que já cobrou a outros, os seus Secretários de Estado não têm nada que ver consigo. Bem sei, são os seus
Secretários de Estado… Que mãos largas que eles são!… Com que à-vontade eles estão!…
É por isso que a questão do dinheiro é tão importante. Os portugueses olham para o que se passa nas
construções escolares, nas construções hospitalares, nas autoestradas e percebem que a «árvore das
patacas» funciona em todo o lado. Há uma desregulação absoluta. Por isso, o rigor nas contas é tão
importante, Sr. Primeiro-Ministro.