I SÉRIE — NÚMERO 101
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salarial, que incide, quer sobre o lado das despesas, quer sobre o lado das receitas da segurança social.
Trata-se de um fenómeno cíclico, que em nada afeta a sustentabilidade, a longo prazo, da segurança social.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, Sr.ª Deputada, muito obrigado pela vossa atenção.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Temos um pedido de esclarecimentos em espera, do Sr. Deputado Nuno
Encarnação, à Sr.ª Deputada Ana Drago.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. Nuno Encarnação (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, Sr.ª Secretária de Estado, Srs. Secretários
de Estado, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Ana Drago, depois de ouvirmos a intervenção do Bloco de
Esquerda uma coisa podemos concluir: este partido, em circunstância alguma, foi feito para estar à frente dos
destinos deste País — nem à frente, nem ao lado!
Uma voz do PSD: — É bem verdade!
O Sr. Nuno Encarnação (PSD): — A criatividade e o malabarismo com que falam ao País e a esta
Assembleia é, sem dúvida, notável.
O que mais me custa ver é o seu líder e Deputado Francisco Louçã, um académico conceituado,
compactuar com discursos desta natureza. É o que se pode chamar de uma verdadeira oposição de plasticina,
que se molda a cada momento e onde todo e qualquer caminho traçado por quem está no governo é mau. É
mau porque é; não é bom porque não pode ser.
Mas mesmo bom para o BE era a defesa do TGV; a aliança com Sócrates dava nisto, fruto de uma
coligação presidencial «alegre».
Caminhar a alta velocidade na dívida soberana era a grande descoberta e a solução para todos os males
— já não chegava a que tínhamos.
Este é o exemplo acabado de um partido à margem das soluções e sempre de mão dada com os
problemas.
Hoje, Sr. Ministro das Finanças, o Sr. Deputado Francisco Louçã devia agradecer-lhe a si e ao Sr. Ministro
da Economia por terem parado a tempo esta loucura do TGV, da forma como estava desenhada e projetada.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Nuno Encarnação (PSD): — A receita era a mesma de sempre: criar empregos custe o que custar,
mesmo que os projetos fossem deficitários no futuro.
É curioso, depois de exemplos destes, ouvir o BE falar de défice, da despesa e da receita, quando a
despesa era a vossa melhor receita, neste caso concreto.
Sr. Ministro das Finanças, não vale a pena explicar, nem ao ralenti, a quem não o quer ouvir ou entender.
Protestos do PS e do PCP.
Se dizer à oposição que tem a receita controlada é porque, afinal, está descontrolada; se lhes explica que,
expurgada de certos montantes, a despesa cai, é porque a despesa cresce.
O negativo de uma fotografia também se comporta assim. A fotografia deste País, aos olhos deste Bloco, é
sempre contrária ao que a lente capta.
Se o FMI diz que até 2016 serão investidos em Portugal mais de 20 000 milhões de euros, se alguns
primeiros-ministros da União elogiam Portugal no cumprimento das nossas metas, o Bloco faz de conta que
não ouve. Renegociar a dívida é o remédio santo e o único que a esquerda defende.
Mas gostava de perguntar a VV. Ex.as
qual é a poção mágica para reduzir a dívida, pagarmos os nossos
empréstimos, honrar o Memorando que assinámos e fazer crescer a nossa economia.