21 DE JUNHO DE 2012
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O Sr. Altino Bessa (CDS-PP): — É uma revolução positiva no sentido da responsabilização daqueles que
são efetivamente os investidores em Portugal; é uma relação de confiança entre o Estado e os industriais.
Hoje, o sistema da indústria responsável é, com toda a certeza, um passo em frente na criação de maior
riqueza e na criação de mais e melhores empresas.
As preocupações hoje aqui levantadas, nomeadamente pelo Bloco de Esquerda, não fazem sentido, pois
em relação à dispensa da avaliação de impacte ambiental para indústrias que se pretendam instalar nas zonas
empresariais responsáveis, desde que o estudo de impacte ambiental tenha incluído os elementos
necessários à avaliação de impacte ambiental do estabelecimento da indústria em causa, aquilo que
pretendemos é que nas zonas que estão classificadas como zonas empresariais responsáveis não seja
necessário mais um estudo de impacto ambiental, burocratizando e dificultando ainda mais a atividade do
setor empresarial e das nossas indústrias.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Altino Bessa (CDS-PP): — O que pergunto, Srs. Deputados, é o seguinte: o procedimento que
permite a instalação e exploração de estabelecimentos industriais com poderes de avaliação dos pedidos de
autorização, tendo estas entidades a capacidade de fazer essa avaliação, é ou não positivo? Não acham que
o facto de o Estado interferir menos no setor industrial, reservando-se o papel de fiscalizador, é positivo?
Relativamente às questões levantadas por parte do Partido Socialista, quero dizer que sim, a maioria, com
toda a certeza, estará disponível para alterar alguns regimes jurídicos que terão de ser alterados: o regime
jurídico aplicável ao exercício da atividade industrial, o regime jurídico aplicável à avaliação de impacte
ambiental, o regime jurídico aplicável à urbanização e à identificação, o regime jurídico aplicável à utilização de
recursos hídricos, o regime jurídico respeitante às bases de ordenamento do território e utilização de solos e
instrumentos de gestão territorial, o regime jurídico aplicável à Reserva Ecológica Nacional, o regime jurídico
aplicável à segurança contra incêndios em edifícios.
O CDS e a maioria estarão, com certeza, disponíveis para com o PS discutir muitas das matérias que já
foram tratadas — diga-se, em abono da verdade — pelo anterior Governo, do Partido Socialista, mas a
discussão tem de ser séria. Este sistema tem de ser revolucionário no sentido de procurar agilizar todos os
procedimentos para que tenhamos um maior número de empresas.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira para uma intervenção.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Há uns anos vieram os
projetos de potencial interesse nacional (PIN), depois vieram os projetos de potencial interesse nacional com
importância estratégica (PIN+). Uns e outros viriam dinamizar a economia, sobretudo aligeirando
procedimentos que continuam a colocar em causa valores que o Governo também deveria salvaguardar.
Criou-se, assim, um regime de exceção sobre normas ambientais e de ordenamento do território que, a
nosso ver, é completamente incompreensível, sobretudo se atendermos aos resultados, porque o que estes
projetos de interesse nacional vieram trazer foram apenas grandes atentados ambientais, e o interesse
nacional continua sem se ver.
Os ditos PIN, na sua maioria, ou faliram ou estão por concretizar. E, agora, vem o Governo anunciar o
grande Licenciamento zero, a reforma das reformas, a revolução do sistema das indústrias que tudo vai
resolver, mas, pelo menos em termos ambientais, o que o Governo está a fazer é a completa generalização
dos projetos de potencial interesse nacional. Pior: está a generalizar os PIN dispensando a necessidade de
invocar o interesse nacional — deixou de ser necessário — e apenas 2% das indústrias ficam sujeitas ao
procedimento da autorização prévia da administração central. Até a conversão dos atuais parques em zonas
empresariais responsáveis terão procedimento simplificado, dispensando-se os estudos de impacte ambiental.
A orientação geral é a responsabilização do industrial, reduzindo ao mínimo as autorizações prévias e
reforçando a fiscalização a posteriori. É bonito dizer-se isso — o Governo quer reforçar a fiscalização a
posteriori —, mas nós perguntamos como, sobretudo se tivermos em conta a falta de recursos humanos que