4 DE OUTUBRO DE 2012
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A Sr.ª Paula Santos (PCP): — … vão ser os munícipes, vai ser a população.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Claro!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Após o roubo nos salários, após o corte nas prestações sociais, após os
cortes nas reformas, após mais este conjunto de medidas de austeridade que hoje o Governo anunciou, ainda
pretendem aumentar o preço da água para dificultar ainda mais a vida das pessoas.
A água, Sr. Deputado, é um direito de todos que deve ser garantido e salvaguardado, um bem essencial à
vida que não deve estar sujeito a interesses mercantilistas e economicistas, nem deve estar sob uma
perspetiva comercial, mas, sim, sob uma perspetiva de gestão pública.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem! Exatamente!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — É exatamente nesta perspetiva, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, que o PCP
se tem colocado também aqui, na Assembleia da República.
Para além disso, o PCP tem estado sempre ao lado das populações e dos movimentos que defendem a
água pública e que estão, neste momento, a desenvolver uma campanha com o título «A água é de todos», de
facto, uma campanha essencial para a defesa deste direito.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins para pedir
esclarecimentos.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, cumprimento a Sr.ª Deputada Paula Santos pelo tema que
aqui trouxe hoje.
Julgo que são particularmente importantes as duas denúncias que nos deixa aqui. Por um lado, dizer
concessão é exatamente o mesmo que dizer privatização.
Vozes do BE: — Muito bem!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — É isso que está em causa. O que está em causa é a privatização da água,
ponha-lhe o Governo o nome que quiser. A partir do momento em que há concessão a privados, são privados
que vão gerir a água, que vão ter esse bem público essencial na sua mão e, portanto, se retira à democracia e
à população o poder sobre o bem essencial, que é a água, e se entrega a um privado. Isso é uma privatização.
E entrega-se a esse privado dando-lhe o direito de aumentar, e muito, o preço da água. Disse a Ministra
Assunção Cristas que o preço da água deve refletir o custo de produção. Pois nós achamos que a água é um
bem público e que a ninguém pode ser negado o acesso à água.
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Nós também achamos!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Mas inaceitável é quando nos dizem que a água deve refletir o custo de
produção e, a seguir, se aumenta esse custo porque se põe, no custo de produção da água, algo que não
estava lá antes, que é a rentabilidade do privado,…
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Exatamente! Isso mesmo!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — … porque o privado vai ter direito, a partir do momento em que tem a
concessão, a acrescentar ao custo da água aquilo que é o seu lucro privado.
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Isso não é o custo!