I SÉRIE — NÚMERO 8
20
Sr. Primeiro-Ministro, segundo os dados da UTAO, estamos a falar de uma redução da despesa primária
que compara com o 1.º semestre do ano passado.
Vejamos: redução da despesa primária no 1.º semestre de 2011: -7,9%. Sabe qual foi a redução da
despesa primária no seu Governo no 1.º semestre deste ano? -2,8%. Quer isto dizer que no 1.º semestre do
ano passado a redução da despesa nos consumos intermédios era maior.
Mas há uma rubrica onde o senhor ganha: é na despesa com pessoal, porque no 1.º semestre do ano
passado era de -6,6% e no 1.º semestre deste ano é de -16,4%. E porquê, Sr. Primeiro-Ministro? Não iluda os
portugueses, se faz favor, foi porque o senhor retirou dois salários à função pública e por isso é que tem esta
componente na despesa.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.
E isto embora neste 1.º semestre esteja refletido um salário, porque, naturalmente, o segundo vai ocorrer
neste 2.º semestre.
Vozes do PSD: — Ah!…
O Sr. António José Seguro (PS): — Os dados são claros, Sr. Primeiro-Ministro, e nós não nos enganamos
a fazer contas!
Vozes do PSD: — Ah!… Enganam-se, enganam-se!
O Sr. António José Seguro (PS): — Já lá vamos, já lá vamos!
Sr. Primeiro-Ministro, quais são os dados de investimento? No 1.º semestre de 2011 houve uma quebra de
-7,7% no investimento. Sabe qual foi a quebra no investimento no 1.º semestre deste ano, segundo os dados
da UTAO, Sr. Primeiro-Ministro? Tome nota, Sr. Primeiro-Ministro: 38,8%! Pode um primeiro-ministro estar
contente quando o investimento cai quase 40% no nosso País? O Sr. Primeiro-Ministro pode estar contente,
mas eu não estou contente e estou muito preocupado.
E estou mais preocupado com os resultados da sua receita, Sr. Primeiro-Ministro, porque o senhor, há um
ano, disse ao País que se os portugueses fizessem os sacrifícios que lhes impôs conseguiríamos atingir um
défice de 4,5%.
Ora, os portugueses cumpriram, mas o senhor falhou! Falhou redondamente, porque o défice não é de
4,5% é, segundo os dados do Governo, de 6%, a dívida pública passou para 119% e estima-se que no
próximo ano continue a crescer para 124%.
E sabe uma coisa, Sr. Primeiro-Ministro? Estes são os resultados, mas as consequências são mais
desemprego e menos economia.
E também devo dizer-lhe o seguinte: se os resultados são estes — mais desemprego, menos economia e
nem sequer se consegue atingir o défice — por que é que insiste, Sr. Primeiro-Ministro? Por que é que quer
repetir para o próximo ano a mesma receita?
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. António José Seguro (PS): — Termino já, Sr.ª Presidente.
Sr. Primeiro-Ministro, os portugueses percebem-no bem e há uma coisa que o senhor devia aqui assumir
com total coragem e frontalidade: é que há uma parte destes impostos, no valor de 2500 milhões de euros —
repito, 2500 milhões de euros —, que os portugueses vão ter de pagar em impostos no próximo ano para tapar
os erros da execução orçamental deste ano. Os seus erros, Sr. Primeiro-Ministro!