I SÉRIE — NÚMERO 8
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Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, queria dizer-lhe também que não negamos nem olvidamos que o momento
é de enorme exigência, os esforços e os sacrifícios que pedimos aos portugueses são muitos e muito difíceis,
mas é também necessário que, nestas alturas, tenhamos a noção de que temos de proteger os mais
desfavorecidos.
Bem sei, e não quero antecipar essa discussão, que ainda estamos no início de um processo que é longo,
que é o processo orçamental, mas gostaríamos — porque é disso que lá fora estão à espera 1 milhão de
portugueses, 1 milhão de pensionistas — de saber se podemos ter um sinal claro de que, mesmo nestes
sacrifícios adicionais, mesmo nessas exigências adicionais, não haverá, como num passado recente houve,
congelamento das pensões mínimas sociais e rurais.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Estamos a falar de 1 milhão de portugueses que merecem ouvir esta
resposta, porque estes são, de facto, os problemas que preocupam as pessoas que estão lá fora.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — E é isto, também, Sr. Primeiro-Ministro, que gostaria de deixar, como
também dizer que esta nossa preocupação, evidentemente, deve ter uma contrapartida, porque tudo tem uma
contrapartida, e exige maior rigor na atribuição de prestações sociais, por exemplo, no rendimento social de
inserção, porque só assim, equilibrando esse rigor, poderemos não congelar as pensões mínimas sociais e
rurais.
Na verdade, isso para nós é essencial porque, ao contrário do Sr. Deputado Bernardino Soares, temos a
perfeita noção e a perfeita consciência de que, para não aumentarmos as receitas, temos, obviamente, de
cortar despesas, e temos a perfeita noção que não é possível prometer tudo a todos, ao mesmo tempo,
imediatamente.
E como temos essa noção, Sr. Primeiro-Ministro, achamos que o maior rigor na atribuição de determinadas
prestações sociais é condição sine qua non para que 1 milhão de portugueses não veja, nestas dificuldades,
as suas pensões congeladas, como aconteceu num passado recente.
Para terminar, Sr. Primeiro-Ministro, a primeira grande diferença entre os partidos que fazem esta moção
de censura, mais ou menos conjunta, e os restantes, que tem sentido de responsabilidade, é que nós
sabemos que só é possível não aumentar a receita fiscal ou até diminuir a receita fiscal, como desejamos e
achamos que é desejável, se cortarmos na despesa. E aqueles que hoje vêm dizer que há um aumento — e
há! — significativo da receita fiscal são precisamente aqueles que aqui, diariamente, só propõem medidas que
aumentam mais despesa, mais despesa, mais despesa e mais despesa. Também é bom denunciar isto!
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Fecha-se um tribunal, lá está o Dr. Louçã a dizer: «não pode ser»; encerra-se um centro hospitalar, lá está
o Dr. Bernardino Soares a dizer: «não pode ser».
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — E não pode!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Encerra-se um determinado serviço público, lá está o Sr. Deputado
Jerónimo de Sousa a dizer que não pode ser, mas quando se aumenta a receita fiscal para pagar isso tudo,
também não pode ser! É bom que tenhamos esse sentido de responsabilidade e essa capacidade de
percebermos que o caminho que é possível fazermos é cortar na despesa, nas PPP, nas empresas públicas,
nos consumos intermédios, e é isso, estamos certos, que acontecerá no processo orçamental.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.