I SÉRIE — NÚMERO 8
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O Dr. Paulo Portas, que andou muito tempo numa espécie de exílio — naturalmente com a legitimidade
própria de quem tem a pasta dos Negócios Estrangeiros, mas também com o sentido de oportunidade política
que todos lhe reconhecemos —, um dia, haveria de aterrar em Portugal.
Aplausos do PS.
Presumia-se que aterrasse em Lisboa e influenciasse, de acordo com as suas convicções, de forma
contundente, as decisões do Conselho de Ministros de que faz parte, mas preferiu aterrar no Porto, em versão
democrata-cristã, e proferiu aquela que foi verdadeiramente e que ficará para os anais como a primeira oração
fúnebre desta maioria e deste Governo.
Aplausos do PS.
Por isso, o País que se confronta com dificuldades, o País a quem todos os dias são pedidos mais
sacrifícios, sem que se perceba equidade e justiça social na maior parte dos mesmos, esse País olha para
este Governo e não vê um rumo, uma solução, um caminho.
E, Sr. Primeiro-Ministro e maioria que o sustenta, acabem com esse discurso de que não há alternativa. Em
democracia, há sempre alternativas!
Aplausos do PS.
Os senhores também foram, no vosso próprio tempo, uma alternativa — uma alternativa pior, é certo, mas
uma alternativa —, de que estamos agora a pagar as consequências, no nosso País.
Há alternativas e o Partido Socialista tem assumido claramente essa linha alternativa.
E há uma coisa de que os senhores não podem acusar o PS. Os senhores não podem acusar o PS de, em
momentos difíceis, procurar fazer a este Governo o que estes partidos da direita, num dos momentos mais
difíceis da nossa vida recente, fizeram a um Governo do Partido Socialista. Disso não nos podem acusar!
Aplausos do PS.
O PS tem agido com o sentido da responsabilidade. O PS absteve-se, no ano passado, na votação de um
Orçamento do Estado, mau grado discordar de algumas das linhas fundamentais que subjaziam a esse
documento. Nós dissemos quais eram as nossas divergências, mas abstivemo-nos porque o Governo
governava há pouco tempo, porque era importante projetar uma determinada imagem internacional do País e
porque ainda tínhamos, de certo, a expectativa de que a atual maioria e o Governo tivessem outro respeito
para com o maior partido da oposição.
Infelizmente, os senhores respondem a essa disponibilidade, a essa abertura, a esse sentido crítico, mas
razoável, do Partido Socialista, com sistemáticos ataques e tentativas de desvalorização do papel do Partido
Socialista nesta fase da vida política portuguesa.
Aplausos do PS.
Vão mal, Srs. Deputados! Vão muito mal por esse caminho! Estão cada vez mais isolados. Já não têm
parceiros políticos, para além dos da maioria — e os da maioria, como já se percebeu, também já não são
muito fiáveis entre si. Portanto, o quadro não poderia ser mais negro, do ponto de vista político. Estão
isolados, social e culturalmente, na sociedade portuguesa — isso é uma evidência de todos os dias.
Sr.as
e Srs. Deputados, aqui chegados, coloca-se uma questão, que é esta: este Governo, na verdade,
merecia ser censurado — e, de alguma forma, ele tem sido censurado diariamente por larguíssimos setores da
sociedade portuguesa, e não só.
Protestos de Deputados do PSD.